quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Frades Dominicanos

Felix Maier
Abaixo, verbete que consta de meu trabalho Arquivos I - Uma história da Intolerância, ainda em andamento, mas já disponível no site Usina de Letras, link “Artigos”, que trata da participação de antigos jornalistas do Grupo Abril com a gangue terrorista de Marighela, os quais foram recrutados por Frei Beto.
Frades dominicanos - No início de 1968, houve várias reuniões no Convento dos Dominicanos do Bairro das Perdizes, em São Paulo, lideradas por Frei Osvaldo Augusto de Rezende Júnior, congregando frades para tomada de posição política, que culminaria com a adesão do grupo ao Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP) – que teve, ainda naquele ano, mudado seu nome para Ação Libertadora Nacional (ALN). Participaram das reuniões Frei Carlos Alberto Libânio Christo (Frei Beto), Frei Fernando de Brito (Frei Timóteo Martins), Frei João Antônio Caldas Valença (Frei Maurício), Frei Tito de Alencar Ramos, Frei Luiz Ratton, Frei Magno José Vilela e Frei Francisco Pereira Araújo (Frei Chico). Frei Osvaldo, apresentando Marighela a Frei Beto, conseguiu a adesão ao AC/SP de todos os dominicanos que participaram das reuniões. Frei Beto também entrou em contato com a VPR por intermédio de Dulce de Souza Maia, nos meios teatrais, onde Frei Beto atuava como repórter da “Folha da Tarde”. A primeira tarefa que os dominicanos receberam de Marighela foi fazer um levantamento de áreas ao longo da Rodovia Belém-Brasília, para implantação de uma guerrilha rural. A área de Conceição do Araguaia, onde a ordem dominicana possuía um convento, foi assinalada no mapa como área prioritária, pois teria importante apoio logístico. O levantamento sócio-econômico da região foi feito com base no “Guia Quatro Rodas”, da Editora Abril. Esse trabalho passou a ser compartimentado, para aumentar a segurança, e os frades passaram a utilizar codinomes: Frei Ivo, o Pedro; Frei Osvaldo, o Sérgio ou Gaspar I, nos contatos que este tinha com Marighela; Frei Magno, o Leonardo ou Gaspar, era quem mantinha contato com Joaquim Câmara Ferreira; Frei Beto, o Vítor ou Ronaldo, ficou encarregado do sistema de imprensa e também dos contatos com Joaquim Câmara Ferreira, que coordenava as atividades do Agrupamento em São Paulo (o AC/SP se infiltrou na Editora Abril e no jornal “Folha da Tarde”, do Grupo Folha). Na “Folha da Tarde”, Frei Beto recrutou os jornalistas Jorge Miranda Jordão (Diretor), Luiz Roberto Clauset, Rose Nogueira e Carlos Guilherme de Mendonça Penafiel. Clauset e Penafiel cuidavam da preparação de “documentos”, e Rose, do encaminhamento de pessoas para o exterior. Na Editora Abril, a base de apoio era de aproximadamente 20 pessoas, comandadas pelo jornalista Roger Karman, e composta por Karman, Raymond Cohen, Yara Forte, Paulo Viana, George Duque Estrada, Milton Severiano, Sérgio Capozzi e outros, que elaboraram um arquivo secreto sobre as organizações armadas (servia também como fonte de informações para organizações subversivas). O AC/SP tinha assistência jurídica, composta de 3 advogados: Nina Carvalho, Modesto Souza Barros Carvalhosa e Raimundo Paschoal Barbosa. Quando procurado pela polícia, em São Paulo, Frei Beto, que havia ingressado no convento dos dominicanos, em São Paulo, em 1966, foi acobertado pelo Provincial da Ordem, Frei Domingos Maia Leite, e transferido para o seminário dominicano Christo Rei, em São Leopoldo, RS. Frei Beto foi preso no RS, onde atuava junto com a ALN para fuga de terroristas ao Uruguai.”
A respeito de Marighela e de seu grupo criminoso, sugiro acessar http://www.ternuma.com.br/ciazambuja.htm .
Atenciosamente,

Félix Maier
P.S.: O coronel Lício Maciel, cujo grupo de combate (GC) prendeu José Genoino, em seu livro “Guerrilha do Araguaia - Relato de um combatente”, disse que um outro GC tomou, à força, um cristal de um transmissor, que tinha contato com Tirana, na Albânia (Como se sabe, o PCdoB tinha aquele país como “farol” do seu movimento). E onde estava a estação-rádio? Ora, num convento dos ... frades dominicanos, no interior de Goiás. Meu tio materno Arno Preis tinha também ligações com essa gente, tanto é que foi morto no antigo estado de Goiás, hoje Tocantins, depois de matar um soldado da PM e ferir outro. Donde se depreende que a Guerrilha do Araguaia foi muito mais do que se diz sobre os mortos e desaparecidos do PCdoB. Esse movimento subversivo comunista era muito mais abrangente. Sorte do Brasil que não vingou a ideia de transformar nosso País em um “paraíso” cubano, sonho de Frei Beto até os dias de hoje.
P.P.S.: Talvez seja esse um dos motivos de a revista Veja até hoje tratar a Contra-Revolução de 1964 como uma simples quartelada e ignorar solenemente os livros escritos por militares a respeito da luta armada, a exemplo de “A Verdade Sufocada”, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chegou a estar entre os 3 livros mais vendidos no Brasil, segundo noticiou o Jornal do Brasil. Se, ao contrário, algum jornalista do Grupo Abril metido com o grupo terrorista de Marighela tivesse escrito um libreto sobre a Guerrilha do Araguaia, com certeza isso se transformaria num ensaio de várias páginas de Veja.
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A ALN também consta de "Arquivos I":
"ALN - Ação Libertadora Nacional: grupo terrorista, cujos fundos eram obtidos por assaltos e dinheiro recebido de Cuba. Somente a partir de 1969 o Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP) passaria a utilizar a denominação Ação Libertadora Nacional (ALN); o AC/SP havia sido criado em 1967 pelo terrorista Carlos Marighela, após este ser expulso do PCB, depois da Conferência da OLAS, em Cuba. Sua obra “Minimanual do Guerrilheiro Urbano” foi traduzida para vários idiomas e foi o “livro de cabeceira” dos grupos terroristas “Brigadas Vermelhas”, da Itália, e “Baader-Meinhoff, da Alemanha (“... os “tiras” e policiais militares que têm sido mortos em choques sangrentos com os guerrilheiros urbanos, tudo isto atesta que estamos em plena guerra revolucionária e que a guerra só pode ser feita através de meios violentos.” - trecho do “Minimanual”). No dia 10 Ago 1968, a ALN assaltou o trem-pagador Santos-Jundiaí, levando NCr$ 108 milhões, ação que consolidou a entrada da ALN na luta armada; nesse assalto, participou o Secretário-Geral do Governo Fernando Henrique Cardoso (depois Ministro da Justiça), Aloysio Nunes Ferreira Filho, que fugiu em seguida para Paris com sua esposa Vera Trude de Souza, com documentos falsos. Junto com o grupo terrorista MR-8, de Fernando Gabeira, a ALN seqüestra o embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, no Rio de Janeiro, em 4 Set 1969, por cujo resgate foram libertados 15 terroristas (entre os quais estavam Vladimir Palmeira e José Dirceu).
Marighela foi morto pela polícia em São Paulo, no dia 4 Nov 1969: após o seqüestro do embaixador americano, as prisões de terroristas tiveram seqüência: no dia 1º de outubro foi preso em São Sebastião, SP, o coordenador do setor de apoio, Paulo de Tarso; no dia 2 Nov foram presos no Rio de Janeiro os Freis Fernando e Ivo; no dia 3 Nov, já em São Paulo, Frei Fernando “abriu” o restante da rede de apoio, sendo presos os Freis Tito e Jorge, um ex-repórter da Folha da Tarde, responsável pelas fotos dos documentos falsos, e um casal de ex-diretores do mesmo Jornal; Frei Fernando foi quem levou ao “ponto” com Marighela, no dia 4 Nov, após revelar duas senhas, pois era o responsável pela coordenação das atividades dos dominicanos com Marighela, desde a saída de Frei Osvaldo de São Paulo, em junho daquele ano; combinado o encontro com Frei Fernando, Marighela resistiu à ordem de prisão quando entrava no carro de Frei Fernando, sacando um revólver, quando foi morto pelos policiais; a morte de Marighela repercutiu no Brasil e no exterior; com a morte de Marighela, assumiu o comando Joaquim Câmara Ferreira, o “Toledo”, que viajou a Cuba com Zilda Xavier para receber instruções de Fidel Castro, país em que um dos fundadores da ALN, Agonalto Pacheco, estava em choque com as autoridades locais, especialmente o comandante Manuel Piñero, o “Barbarroxa”, acusado de desvirtuar as iniciativas do AC/SP. Câmara Ferreira foi preso no dia 23 Out 1970, em São Paulo; cardíaco, sofreu enfarte na viatura policial, vindo a falecer; Carlos Eugênio Paz, em seu livro “Viagem à Luta Armada” (Editora Civilização Brasileira, 228 páginas, 1996), fantasia a história, dizendo que “Toledo” foi torturado até a morte pelo delegado Fleury; essa versão é negada por Luís Mir (“A Revolução Impossível”, pg. 560); em um bolso de “Toledo”, foi encontrada carta de Frei Osvaldo Rezende, onde constavam contatos internacionais, projetos políticos e ligações com os Governos cubano e argelino; o Governo brasileiro denunciou à ONU a ingerência em seus assuntos de países que não respeitavam o direito internacional – o que não teve nenhuma conseqüência prática. Em 7 Set 1970, João Alberto Rodrigues Capiberibe (mais tarde Governador do Amapá), “militante” da ALN, foi preso junto com sua mulher Janete e sua cunhada Eliane. Em 23 Mar 1971, a ALN faz o “justiçamento” de um “quadro”, Márcio Leite de Toledo; Carlos Eugênio Paz, em seu livro “Viagem à Luta Armada”, afirma que foi co-autor desse “justiçamento”. Junto com o Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), a ALN assassina o industrial Henning Albert Boilesen, diretor do Grupo Ultra, no dia 16 Abr 1971 (Sebastião Camargo, da empresa Camargo Correia, era também alvo para seqüestro e “justiçamento”, mas prevaleceu a escolha de Boilesen, porque era considerado “espião da CIA” e patrocinador da OBAN). Terroristas da VAR-Palmares, da ALN e do PCBR assassinam o marujo da flotilha inglesa que visita o Rio de Janeiro, David A. Cuthbert, de 19 anos, no dia 08 Jan 1972; nos panfletos, os terroristas afirmaram que a ação era em solidariedade à luta do IRA contra os ingleses. Em 1971, a ALN divide-se em duas facções: o Movimento de Libertação Nacional (MOLIPO), fundado pelo serviço secreto cubano (José Dirceu, Chefe da Casa Civil da Presidência durante o Governo Lula, era um dos integrantes), e a Tendência Leninista (TL). Em 1972, a ALN/SP assassina o gerente da firma F. Monteiro S/A, Valter Cesar Galatti, ferindo ainda o subgerente Maurílio Ramalho e o despachante Rosalino Fernandes; em 1972, terroristas da ALN/GB, do MOLIPO e da ALN/SP assassinam o investigador Mário Domingos Pazariello, o soldado da PM/GO, Luzimar Machado de Oliveira e o cabo da PM/SP, Sylas Bispo Feche; a ALN/GB assassina em 1972 Íris do Amaral. No dia 21 Fev 1973, a ALN formou um grupo de execução, integrado por 3 terroristas, que assassinaram o proprietário do Restaurante Varela, o português Manoel Henrique de Oliveira, acusado de ter denunciado à polícia, no dia 14 Jun 1972, a presença de quatro terroristas que almoçavam em seu Restaurante, três dos quais morreram logo após (na verdade, os terroristas mortos estavam sendo seguidos pelo DOI-CODI). No dia 25 Fev 1973, terroristas da ALN, da VAR-Palmares e do PCBR assassinaram em Copacabana o Delegado Octávio Gonçalves Moreira Júnior. Pelo extenso “currículo” de Marighela, seus familiares receberam mais de 100 mil dólares de “indenização”, outorgada pela famigerada “Comissão dos desaparecidos políticos”, criada no primeiro Governo FHC. Além de Marighela, outro terrorista de destaque foi Carlos Eugênio Sarmento da Paz, que confessou ter praticado em torno de 10 assassinatos. Jessie Jane Vieira de Souza, outra “militante” da ALN, que participou do seqüestro de um avião, é hoje diretora do Arquivo Público do Rio de Janeiro. Com o auxílio do Movimento Comunista Internacional (MCI) e de padres dominicanos, como Frei Beto, a ALN tinha um sistema de propaganda no exterior, a FBI."
Em "Arquivos I", no Usina de Letras, veja ainda os verbetes AI-5, CEIAL, Frente Brasileira de Informações (FBI), Foquismo, Frades dominicanos, Libro Blanco, M3G, MOLIPO, OCLAE, OLAS, Organizações subversivas brasileiras, OSPAAAL, PCBR, Pinar del Río, Revolução de 1968, Seqüestro de aviões, Violência estudantil, VPR e www.olavodecarvalho.org/textos/sseal.htm.
Félix Maier
Militar da reserva e escritor, autor de
Egito - Uma viagem ao berço de nossa civilização”, Thesaurus, Brasília, 1995.

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