sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O Grupelho Que Põe em Risco o Acordo Com o ELN

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por Ricardo Monsalve Gaviria

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Igual ao ocorrido com uma facção da Primeira Frente das FARC, que se declarou em dissidência no processo de paz, uma parte do ELN poderá semear dúvidas sobre a coesão dessa guerrilha nos diálogos que recém iniciam.
El Colombiano soube que com base em interceptações feitas nas comunicações dos chefetes do ELN, o Exército estabeleceu que na Frente Ocidental, que atua no Chocó, poderiam existir desacordos com as políticas do Comando Central (CoCe) dessa quadrilha, cujos diálogos de paz com o Governo iniciarão sua fase pública no próximo 27 de outubro.
"Eu estou com as políticas do CoCe, mas não as assumo", é o que teria dito "Fabián" nas últimas interceptações, segundo a Inteligência Militar. Ele é o principal chefe dessa Frente, reconhecida pelos bloqueios ilegais que executa nas vias que ligam Medellin e Pereira com Quibdó, assim como por praticar atividades ilícitas como narcotráfico e mineração ilegal.
"Da Frente Ocidental há grupos muito ativos como o 'Manuel Hernández El Boche' e o 'Cacique Calarcá', os quais praticam atividades ilegais nas vias que conduzem a Quibdó; o 'Ché Guevara' e a 'Resistência Cimarrón' se dedicam à economia ilegal [arrecadação de propinas] produto do ouro e narcotráfico no [costa do] Pacífico e possuem muitos recursos por esses lados", assegurou a Inteligência Militar.
Luis Eduardo Celis, analista da fundação Paz e Reconciliação, considera que enquanto não houver um pronunciamento público de algum dirigente do ELN, é muito difícil saber se há unidade ou não.
"Eu creio que se deve esperar que evolua a mesa [de negociações]. Se nenhuma liderança se opôs até o momento, é porque há uma decisão de levar esses diálogos adiante", assegura o analista, que acredita que com o avançar da agenda de negociações se poderá medir quanta coesão existe "e se se apresentam dissidências, como ocorreu com uma pequena facção da Primeira Frente das FARC".
Por sua parte, Eduardo Álvarez, da fundação Ideias para a Paz, adverte que deve ser considerado que a Frente Ocidental tem uma realidade muito diferente dos outros grupos do ELN no país. "Ali, a pelo menos um ano, estão lutando com as quadrilhas de criminosos", e acrescenta que "a evolução do conflito e a forma como foram pelo Estado gera desarticulação e por conseguinte, problemas de coesão onde lideranças mais jovens podem não estar tão conectados com o CoCe".

Esperam Instruções
Com o anúncio da data para o início da fase pública de diálogos com o ELN, no Ministério da Defesa esperam instruções para saber o futuro das campanhas de prevenção ao recrutamento e de desmobilizações que ainda funcionam em outras zonas do país.
Segundo o Coronel (Reserva) José Mauricio Cote, assessor do Ministério em campanhas de prevenção e recrutamento, "é muito provável que toda a estratégia atual contra o ELN, que havia se fortalecido há alguns meses, sofra uma mudança, sem dúvida estamos à espera de instruções". Entretanto, as ações para motivar as desmobilizações continuam em Bolívar, Catatumbo, Cauca, Arauca, Chocó e Antioquía. No corrente ano de 2016, houve a desmobilização de 237 integrantes do ELN.

Personagens
Ogli Ángel Padilla Romero, vulgo “Fabián”, faz parte da Direção Nacional do ELN. Segundo a Inteligência Militar, ele se encontra, atualmente, no departamento (Estado) de Chocó, onde estrutura-se a "Frente de Guerra Ocidental" da citada guerrilha. Essa organização, dizem as autoridades, recebe recursos econômicos oriundos da mineração ilegal, narcotráfico, sequestros e extorsões realizadas nessa zona do país.
A Inteligência militar acredita que “Fabián”, pode não estar de acordo com algumas políticas do Comando Central do grupo guerrilheiro.

Outra liderança influente na Frente Ocidental é Emilcen Oviedo Sierra, conhecida como "Martha" ou "La Abuela" (a Avó). Ela dirige as atividades da 'Frente Manuel Hernández 'El Boche" - que atua nos municípios de Bagadó,  Medio e Alto Baudó, Itsmina, Lloró, Mistrató, Nóvita, Palmadó, Puerto Rico e Tadó, todos em Chocó - e 'Cacique Calarcá', nos limites entre Chocó e Risaralda, comandando as ações terroristas do ELN, particularmente as ocorridas na via Pereira-Tadó. Ela também coordena atividades delinquenciais como sequestros, extorsões a comerciantes e a transportadoras.
Fonte:  tradução livre de El Colombiano
imagens copiadas de El Diario del Otún

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