sábado, 30 de julho de 2016

Exemplo Para a Imprensa Brasileira

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FORÇAS ARMADAS, ESSENCIAIS
Além de combater os diferentes atores ilegais, o Exército e a Polícia estimulam a coesão, a ordem e o respeito ao Estado Social de Direito. Há que abraçá-los e defender sua força e sua tarefa.
Imagem:  Ejercito de Colombia

Editorial
Os recentes ataques a patrulhas da Polícia, ao que parece por parte de membros do agora denominado “clã do Golfo”, e o levante contra outros agentes na comuna 16-Altavista, em Medellín, além de fustigamentos da guerrilha do ELN contra soldados em Arauca, exigem que se levante a voz pública em respaldo da tarefa essencial que sempre cumprem as Forças Armadas colombianas.
Aí, também se incluem a Marinha e a Força aérea, indispensáveis na vigilância das extensas costas Atlântica e Pacífica, os numerosos corredores fluviais internos e as áreas de fronteira da Nação.
Esses corpos militares e armados mantém um papel chave na coesão social, territorial e política de um país exposto por mais de meio século à ameaça de forças contra-estatais e ilegais empenhadas em lesionar e debilitar o modelo democrático e republicano que preserva as liberdades e os direitos dos colombianos.
Atores da ilegalidade, alimentados pelo narcotráfico, que ainda hoje às portas da desmobilização das FARC, mantém atividade em consideráveis porções da geografia nacional devem seguir sendo combatidos. 
Os episódios recentes de um suposto "plano pistola" (execuções planejadas) contra a Polícia, liderado por integrantes da estrutura criminosa cujo chefe é Dairo Antonio Úsuga, vulgo "Otoniel", com ataques a patrulheiros no noroeste de Antioquia, e a resistência de um grupo delinquencial na zona de Altavista, em Medellín, despertam a solidariedade à vigilância permanente e o papel arriscado que cumprem os uniformados para impedir que os bandos se estruturem e se enquistem nas áreas rurais e urbanas. 
Esse é o trabalho desenvolvido pelas Forças Armadas em integração e coordenação com as autoridades da ordem em âmbito nacional, departamental (estadual) e municipal. Uma interação definitiva para atuar com eficácia e apegada aos princípios constitucionais e de poder civil, inegociáveis. 
Tendo em vista essas hostilidades e riscos, e também a propósito de nossa importante data nacional celebrada anteontem (20 Julho), ressalta-se o dever de despertar a consciência cidadã sobre o insubstituível protagonismo que tem o Exército e a Polícia em uma democracia que busca aperfeiçoar-se e desfazer os nós de seus conflitos mais daninhos. 
Agora se fala em reengenharia das Forças Armadas, em função de um período de pós-conflito, mas em um contexto de permanência de outras organizações ilegais (ELN, o "Clã do Golfo"), a dissidência do EPL e outros grupos criminosos) é pertinente despertar os sentimentos de admiração e respeito ante o trabalho persistente e valente das tropas oficiais. Para que sejam somados a sua legitimidade e resultados positivos na defesa do território, da segurança e das liberdades individuais e coletivas. Temos que robustecer os impulsos positivos e edificantes desses compatriotas que entregam tanto esforço no sentido de levar Colômbia em frente. 
Não é possível que, frente a essas Forças Armadas leais ao poder civil e com grande tradição de obediência devida e subordinação, os cidadãos se eximam de fazer sentir seu apoio e aprovação, e em especial suas condolências pelos Soldados feridos ou caídos em combate aos múltiplos fenômenos de criminalidade que ainda afetam distintas zonas do território. 
Esforçar-se a fundo pela legalidade e as Instituições, passa por assumir com firmeza a defesa de nossas Forças Armadas.
Fonte: tradução livre de El Colombiano
COMENTO:  que lindo ver que em outros países, não só nos EUA, os cidadãos e sua imprensa glorificam e respeitam seus militares e agentes de segurança. Bem diferente do que ocorre no "gigante pela própria natureza", onde apesar das pesquisas mostrarem que a sociedade mantém uma boa imagem a respeito das Forças Armadas, estas e as Polícias Militares são alvos nítidos de verdadeiras campanhas desmoralizantes por parte de órgãos da imprensa e de políticos que nunca deveriam ter sido alçados aos postos que ocupam no Congresso Nacional e nos parlamentos estaduais. Qualquer incidente de violência é motivo para que esses canalhas citados retomem o velho discurso da extinção das Polícias Militares e, até, das Forças Armadas.
Felizmente, tais iniciativas são ignoradas pela maior parte de nossa sociedade que, por outro lado, também se omite na defesa dos militares. Recentemente, se viu alguns grupos de cidadãos clamando por "intervenção militar" na política. Esquecem, esses cidadãos que, de 1985 para cá, os profissionais das Forças Armadas foram agredidos de forma generalizada, adjetivados como criminosos, torturadores, estupradores e outras calúnias, baseados em depoimentos mentirosos difundidos massivamente nos meios de comunicação de massas. E ninguém, nem mesmo as próprias Instituições agredidas, sequer tentaram revidar tais ofensas ou alçar suas vozes em defesa de alguns dos criminosamente agredidos. 
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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Sobre a Morte de Alberto Nisman - Cristina Kirshner Envolvida?

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Stiuso: "Os Kirchner tinham Serviços paralelos que lhes 'resolviam' os problemas"
O ex espião falou com La Nación, em sua primeira entrevista desde que regressou ao país
É manhã de domingo. Um homem chega a um bar na Calle Echeverría, em Belgrano. Se senta à mesa do fundo, à esquerda do salão, em uma cadeira que lhe permite ver a porta de entrada. Veste roupa informal: jeans, sapatos e jaqueta esportiva. Abre o diário Clarín e pede dois croissants de manteiga, um café com leite e água sem gás. Passará cerca de uma hora lendo minuciosamente as noticias, com os óculos apoiados na ponta do nariz. Antonio "Jaime" Stiuso parece um homem comum e não um ex agente temido por políticos, juízes e empresários.
O identificamos e nos aproximamos até sua mesa, e ainda que a principio tenha rido ante a proposta de responder algumas perguntas e sido conclusivo ("não falo com a imprensa, somente com a Justiça", disse) finalmente concordou. Quando viu o telefone celular na mesa, reagiu: "¿Por que me gravas?". Depois se tranquilizou quando a jornalista guardou o telefone. Foi se acalmando aos poucos, a medida que se sucediam as perguntas: "¿Como estás?", "¿Quando voltastes?", "¿Como te sentes?". Se permitiu, então, algumas respostas mais concretas. As primeiras à imprensa depois de seu regresso ao país, em fevereiro passado. Afirmou que está "tranquilo" agora que a ex presidente Cristina Kirchner "perdeu seu poder", porque, disse, nem ele nem sua família sofrem mais ameaças. Apontado como armador de "carpetazos" ("finalizamentos" irregulares) contra opositores durante o kirchnerismo, disse que naqueles anos havia um "serviço de inteligencia paralelo" que se ocupava dessa tarefa e do qual, garante, ele não fez parte.
Seu rosto parece muito com o retrato falado difundido pelo então ministro Gustavo Béliz em 2004: o mesmo corte de cabelo, agora um pouco grisalho e magro, com olheiras e um olho caído. Minguém o reconhece: é só mais um lendo o jornal. É difícil não imaginar que ele observou detidamente cada um que tenha adentrado ao bar.
Durante anos, sua relação com o casal Kirchner se manteve em bons termos. O ex presidente havia apresentado Stiuso a Nisman para que trabalhassem ombro a ombro, ainda que o ex agente agora o negue. Uma série de escândalos relacionados com Cristina, em 2014, lhe valeu a acusação de que seria ele quem vazava aquelas informações o que lhe custou a aposentadoria.
Ele lamenta a morte de Nisman, mas acredita que esse desfecho era inevitável: "as gravações que tinha como provas envolviam o Governo", afirma; as acusações contra o kirchnerismo são parte da estratégia judicial que prepara. Descontraído, riu várias vezes e se esquivou com habilidade de muitas perguntas. Depois de tudo, segundo ele mesmo afirma, a sua "é uma profissão que nunca se abandona".
- ¿Como estás?
- Bem, muito tranquilo agora.
- ¿Quando voltastes ao país?
- Voltei depois do aniversário de Cristina (19 de fevereiro). Estive nos Estados Unidos com asilo por todas as ameaças que recebemos, tanto eu como minha família. Ameaças de morte do governo anterior.
- ¿A que te dedicas agora?
- Trabalho em minha empresa, que tenho desde 1997 e na qual sempre trabalhei.
- ¿Se pode deixar de ser do serviço?
- Não, é uma profissão que nunca se abandona.
- ¿Que opinas sobre a causa AMIA?
- Que as coisas não foram bem feitas. Veja que em todos os países do mundo em que houve ataques terroristas a situação se manejou de outra maneira. Aqui nunca se pode esclarecer nada porque os governos sempre trataram de esconder as coisas, de subornar juízes, pressionar funcionários.
- ¿Que te parece o memorando com Irán?
- O governo anterior quis fazer crer que os iranianos não tiveram nada que ver, que a culpa foi dos sírios. ¿Não te parece estranho que Timerman tenha negociado este memorando em Alepo (Siria), onde os sírios supostamente só patrocinaram o encontro?
- ¿Que houve com Alberto Nisman?
- O mataram. Eu podia ter terminado como ele. Houve perseguição, o ameaçaram muitas vezes, tanto a ele como a mim, ameaçaram a sua família.
- ¿E por que seguiu adiante então?
- Porque era seu trabalho e porque o não seguir adiante não implicava que viveria. Nas gravações que tinha como evidencia envolvia o Governo. De uma forma ou outra teria ocorrido o mesmo. Ele antes de fazer a denuncia já havia comentado com alguns jornalistas, era assunto sabido.
- ¿E tu, por que te salvastes?
- Porque não puderam me encontrar, me fui a tempo.
- Quer dizer que foi o governo de Cristina que o mandou te matar.
- Isso!
- ¿Suspeita da figura de Lagomarsino?
- Eu suspeito de todos.
- Tu fostes o último a quem Nisman telefonou, mas não o atendestes. ¿Por que?
- Porque não escutei o telefone, estava no modo vibrador.
- Nisman e Arroyo Salgado foram aliados de Cristina. Sem ir mais lonje, Arroyo Salgado foi quem mandou tirar as calcinhas da filha de Herrera de Noble. ¿Que houve?
- Isso não tem nada que ver, eles cumpriam com seu trabalho. Eu também já tirei pentes de casas para tratar de identificar filhos de desaparecidos. Alberto era uma pessoa muito inteligente, muito bom no que fazia. Ele investigou o que pediram, encontrou evidencias contra o Governo e as fez públicas.
- ¿Acreditas que vão esclarecer a morte de Nisman?
- Creio que em algum momento vamos saber. A Alberto lhe inventaram uma "estória" depois de falecido, trataram de desmerecer tudo o que havia feito. Agora que já não estão no poder, a "estória" se esvai.
- Dizem que tu armavas os "carpetazos" para Néstor e Cristina, contra os opositores...
- Isso é mentira, eu não armava nenhum "carpetazo", eu não entendo de política, eu fazia outras coisas: me ocupava de coisas exteriores, de inteligência, contrainteligência, terrorismo. Os Kirchner não utilizavam a SIDE porque tinham seus serviços paralelos, com gente que investigava para eles e lhes armava seus próprios "carpetazos".
- ¿Quem estava a cargo desse serviço de inteligencia paralelo?
- Isso eu direi quando me chame a Justiça.
- ¿Oscar Parrilli?
- Parrilli é um palhaço, não podia manejar nada.
- ¿Conheceu a Néstor e Cristina?
- A ela, a vi uma vez somente, a ele nunca o vi.
- As escutas passarão de novo para a AFI (Agência Federal de Inteligência). ¿Qual tua opinião?
- Que nada muda. Não é um buraco negro, como todos dizem. O sistema funciona assim: há uma central que grava as conversações, o "grampo" se pede por ordem da Justiça às companhias telefônicas, que as desviam à "ojota" (Direção de Observações Judiciais -  central de interceptações).
- ¿Tu nunca grampeastes telefones ilegalmente?
- Tem que ter um equipamento especial. Não contávamos com esse equipamento, mas esse serviço de inteligência paralelo manejado por Cristina o possuía.
- ¿Qual tua opinião sobre a detenção de Pérez Corradi?
- Me parece que é um peão. Eu detive o verdadeiro rei da efedrina, Mario Segovia, em 2008; e aí estourou o tema da mafia dos medicamentos. De todo modo, a mim nunca deram ordem de buscar a Pérez Corradi.
- ¿Acredita que Aníbal Fernández está implicado?
- (Dando de ombros.) O que eu tenha que dizer farei na Justiça.
- Dizem que fostes tu quem informou sobre o dinheiro de José López, e que por isso o pegaram.
- Não, eu não tenho nada que ver. Agora aparecem todas estas coisas porque Cristina já não tem o aparato do Estado e não pode forçar o silenciamento.
- ¿Por que te removeram da SI?
- Quiseram fazer crer que eu era o demônio e que com minha saída tudo seria transparente. O problema foi que começaram a aparecer as denuncias contra Cristina e isso a incomodou; através da mídia fez recair em mim uma serie de acusações.
- ¿Que sabes de Cristina para que tenha se enfurecido tanto?
- Pergunte a ela.
- ¿Mudou a situação com a criação da AFI?
- A AFI segue sendo o mesmo que antes era a SIDE, porém com gente de Cristina, que agora suponho será gente de Macri. Me tiraram, a mim e a muitos que estávamos desde bastante tempo para poder por a sua gente.
- ¿Conhece a Aníbal Fernández?
- O vi em um par de oportunidades. Uma vez com Alberto (Nisman), e ele estava nos gravando. Aníbal era um dos que mais queriam, junto com Cristina, que eu voltasse ao país para me assassinar. Agora que estão fora do governo não veio me visitar. Ninguém veio me visitar. Eles pensaram que seriam eternos, já não tem poder, não tem o aparato do Estado.
- ¿Cristina não tem poder?
- ¿Te parece que sim? Já era, agora é só uma mulher louca, sem força, sem o aparato do Estado.
Fonte: tradução livre de  La Nación
COMENTO:   para melhor entender este tema, recomendo as leituras nos atalhos que se seguem. 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Processo de Paz na Colômbia - A Opinião de um Militar

O Coronel (Inativo) Luis Alberto Villamarín Pulido, especializou-se como Lanceiro, Paraquedista e Contraguerrilheiro Rural, agora é um reconhecido analista militar e político.
Luis Alberto Villamarín Pulido, natural de Fusagasugá - Cundinamarca, é um Coronel Inativo do Exército colombiano, com 25 anos de experiencia militar (1977-2002), mais da metade deles dedicado às Operações de combate contra grupos narco-terroristas na Colômbia. É especializado com cursos de Lanceiro (equivalente aos nossos Comandos), Paraquedista e de Contra-guerrilha Rural.
Logo após deixar o serviço ativo, passou a se dedicar à investigação de temas relacionados com a geopolítica, a segurança e à defesa, alcançando grande notoriedade por seus 28 livros e centenas de artigos publicados. O Coronel Villamarín teve a amabilidade de nos conceder uma entrevista relacionada com o atual processo de paz colombiano.
Fuerzas Militares: ¿Quais foram suas maiores realizações durante seu serviço ativo, e qual a anedota que mais o marcou?
Cel Villamarín: Mais que realizações e anedotas, a honra de haver comandado durante quase dois anos (1994-1995) o Batalhão de Contra-guerrilha nº 19 - Cacique Calima, da Brigada Móvel nº 1, com destacados resultados em mais de 20 combates e zero baixas ou feridos entre meus soldados.
Fuerzas Militares: ¿Quál é a sua opinião sobre o atual processo de paz em Havana?
Cel Villamarín: Que as FARC impuseram a agenda, os tempos e a metodologia de negociação. Assim, ter conseguido a iniciativa estratégica, trouxe vantagens políticas substanciais e estabeleceu um empate tático ao obter a suspensão de bombardeios contra seus esconderijos, suspensão das fumigações de seus cultivos de coca, pantomima das desminagens e agora, a suspensão das Operações Militares com o argumento do cessar fogo bilateral, que as FARC veem como um armistício.
Em resumo, as FARC estão conseguindo legitimação política e buscam obter o status de "força beligerante" com a cumplicidade dos governos socialistas do hemisfério.
Fuerzas Militares: ¿Que coisas deviam ter sido feitas e não o foram em relação ao processo de paz?
Cel Villamarín: - Exigir a concentração de todas as estruturas terroristas das FARC antes de iniciar a conversar.
- Nenhuma concessão ao terrorismo para enfrentar a Justiça.
- Enviar à Justiça e trazer à luz os "Farc-políticos" e os "laranjas" das FARC, que os ajudam a mascarar as finanças.
- Exigir a entrega sem condições de todas as armas.
- Não incluir nem Venezuela nem Cuba como governos mediadores, pois seus dirigentes fazem parte do plano marxista leninista das FARC contra a Colômbia.
- Plena identificação de todos os membros do Partido Comunista Clandestino, do Movimento Bolivariano Clandestino e das Milicias Bolivarianas.
Fuerzas Militares: Desde seu ponto de vista, ¿qual é a principal preocupação dos nossos militares em relação ao chamado pós-conflito?
Cel Villamarín: Justiça penal militar debilitada, pouca claridade da chamada justiça transicional e os tribunais de paz de cunho esquerdista, continuidade no amparo laboral de soldados profissionais e quadros de mando, no bem estar social, e nos benefícios sociais.
Fuerzas Militares: ¿Quais, pensa você, serão as principais ameaças a enfrentar pela Força Pública no chamado pós conflito?
Cel Villamarín: Primeiro há que terminar o conflito para falar de pós conflito.
No caso de se desmobilizarem as FARC, o ELN e os remanescentes do EPL, as tropas devem estar preparadas para defender a soberania frente às ambições desmedidas do atual governo da Nicarágua sobre nosso mar territorial, o risco de uma aventura armada do governo socialista da Venezuela para ocultar sua ineficiência interna, ou a continuidade das mal chamadas bandas paramilitares.
Fuerzas Militares: ¿Lhe preocupa uma possível redução das Forças Militares ou uma deterioração das condições laborais dos militares no pós conflito?
Cel Villamarín: Obviamente, porque uma nação com a potencialidade geopolítica e geoestratégica da Colômbia é um manjar apetitoso para inimigos entocados que cobiçam nossas riquezas.
Fuerzas Militares: ¿Lhe preocupa uma diminuição do orçamento de segurança e defesa no pós conflito?
Cel Villamarín: Obviamente por las razones já expostas.
Fuerzas Militares: ¿Qual sua opinião sobre a planejada participação de nossas tropas em Operações Internacionais da ONU e da OTAN?
Cel Villamarín: Muito hipotética e oportunista. Quem poderá explicar que façamos parte ativa dessas Forças enquanto que, ao mesmo tempo outras forças da ONU estarão verificando a suposta desmobilização armada das FARC.
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Nota: na página www.luisvillamarin.com pode-se ver uma relação das publicações do Cel Villamarim. A maioria dos seus artigos estão disponíveis on line.
Fonte: tradução livre de Fuerzas Militares

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Os Delatores e Seus Prêmios Generosos

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Privilégios demais concedidos aos criminosos da Lava Jato podem comprometer a aprovação popular da delação premiada
por Mário Simas Filho
Depois das revelações feitas pela operação Lava Jato, questionar o princípio da delação premiada como método legítimo de investigação agride o bom senso, ainda que considerados os argumentos contrários usados por respeitados criminalistas. No Brasil pós Lava Jato, ficou no mínimo abalada a velha percepção de que nesse País tropical e abençoado por Deus criminosos de colarinho branco ficam sempre impunes. No entanto, uma rápida reflexão, não sobre a delação propriamente dita, mas sobre o prêmio dado aos delatores, merece ser feita. A distribuição de benefícios ofertados a alguns parece generosa demais, o que pode significar um retrocesso na direção da impunidade. Na última semana, depois de revelada a “condenação” imposta a Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, acendeu o sinal de alerta àqueles que pagam religiosamente seus impostos, estejam nos andares de cima ou de baixo da pirâmide social.
Corrupto confesso, Machado comandou a empresa de 2003 a 2014. Desviou dos cofres públicos mais de R$ 100 milhões para cerca de 20 políticos de sete partidos, fora o que colocou em suas próprias contas no Brasil e no Exterior. Dinheiro suficiente para garantir uma vida nababesca a seus filhos e até a seus netos. Para se ter uma ideia da grandeza, Machado promete devolver R$ 75 milhões e ainda assim continuará sendo um homem milionário. Descoberto, ele não chegou sequer a ser preso. Foi logo entregando todo o esquema aos procuradores da Lava Jato e protagonizou o papel de araponga ao gravar conversas com caciques do Congresso visando fisgá-los em confissões de delitos. Por seus crimes, poderia ser condenado a mais de 20 anos de cadeia. Mas o instituto da delação premiada foi generoso. Pelo acordo, Machado terá de devolver R$ 75 milhões e poderá ser condenado a, no máximo, três anos de prisão domiciliar. Nesse período, ficará recolhido em sua mansão instalada em um bairro nobre de Fortaleza, cercado de seguranças particulares, num terreno com mais de três mil metros quadrados. A casa tem piscina, quadra poliesportiva, academia, churrasqueira, garagem para dez carros e quatro empregados. Nesse “presídio de ouro”, Machado poderá receber a visita de advogados, de médicos e de 27 amigos e familiares previamente relacionados. Será permitido também deixar a residência em algumas ocasiões especiais, como o Natal, por exemplo. Depois de dois anos e três meses, o diretor que contribuiu fortemente para a derrocada da Petrobras poderá sair da mansão para prestar serviços comunitários.
Entre juristas das mais variadas tendências há o consenso de que a garantia do Estado de Direito passa necessariamente pela proporcionalidade das penas. Isso significa que punição branda para crimes graves é tão nefasta à sociedade quanto punição em demasia para crimes leves. Nesse sentido, a “generosa pena” imposta a Sérgio Machado agride os brasileiros da mesma forma que a prisão da doméstica desempregada Ana Cristina, que em maio de 2014 ficou mais de dez dias reclusa no Presídio Feminino Auri Moura Costa, no Ceará, por tentar furtar uma lata de leite de um supermercado para alimentar suas quatro filhas.
Mário Simas Filho é diretor de redação da revista ISTOÉ
Fonte:  IstoÉ