sábado, 10 de janeiro de 2015

O Mito do Terrorismo - A Grande Imprensa Como Protagonista, Impondo Seus Interesses

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Depois de alguns dias sem acesso à rede mundial, tendo contato com o mundo somente por meio dos canais abertos de televisão, retorno cada vez mais decepcionado com o padrão do jornalismo, infelizmente, não só o brasileiro. 
Festas de Natal e renovação de calendário com o devido escamoteamento a respeito da poluição atmosférica provocada pelos incontáveis espetáculos de queima de fogos, roubos, assaltos, arrastões, acidentes rodoviários, e outros assuntos somente abordados nos noticiários depois de passada a ressaca agravada pelos discursos e festividades de posse dos novos - ou nem tão novos - governantes.
Não poderia deixar de destacar o noticiário referente à "Guerra contra o Terror" desencadeada na França contra alguns idiotas que resolveram propagandear o Islamismo, ao mesmo tempo em que pensavam vingar Allah das agressões sofridas por parte de alguns jornalistas/desenhistas, enviando alguns desses denominados "cartunistas" para desculparem-se pessoalmente junto ao Misericordioso. 
Tivemos, então, coevo ao início do julgamento do imbecil que - com seu irmão idiota, provocaram o triste final da "Maratona de Boston" em 2013 - a ação de "terroristas" supostamente cooptados pela Al Kaeda contra cidadãos franceses.
O inusitado, no meu ponto de vista, foi a enorme pantomima estabelecida no reino de François Hollande. Cerca de vinte vidas perdidas. Destas, os cartunistas mortos tiveram seus nomes e imagens difundidas mundialmente acompanhadas por manifestações de artistas contra mais essa "agressão à liberdade de imprensa". Oitenta mil integrantes das forças de segurança francesas mobilizados com veículos blindados, helicópteros e equipamentos utilizando recursos de alta tecnologia para garantir a eliminação de dois mequetrefes escondidos nos arredores da capital francesa e mais um casal de cretinos foragidos na própria "cidade-luz" - e a mulher ainda conseguiu evadir-se. E a "cereja do bolo", na minha modesta opinião, foi a convocação, pelo próprio Hollande - horrorizado com a violência -, de uma manifestação pública contra o terrorismo. Como se não fosse ele o principal responsável pela segurança de seus concidadãos a ser mantida pelos diversos órgãos governamentais que conheciam de antemão os antecedentes dos "terroristas" envolvidos no episódio. 
Aconselho ao senhor Hollande que dê uma lida nos jornais brasileiros para ter uma pálida ideia do que é violência.
Não sei bem o motivo, mas me veio à lembrança uma certa senhora convocando a sociedade para "um pacto contra a corrupção", indicando que em seu imaginário são os integrantes dessa sociedade os responsáveis pela roubalheira que afundou a principal empresa pública de seu país.
Três dias de "espetáculo", manifestações que incluíram o apagamento das luzes da Torre Eiffel, muita gente mundo afora identificando-se como "somos todos Charlie" - reprisando o ridículo "somos todos macacos" -, inclusive no Brasil, pacífica terra onde a morte violenta de mais de cinquenta mil cidadãos em um ano não provoca comoção alguma, e a morte de duas dezenas de franceses (número tragicamente inferior a soma de recentes vítimas só de acidentes com ônibus nas estradas brasileiras) afeta a consciência de alguns cidadãos, que acorreram de lápis e cartazes em punho para serem filmados nas ruas, mostrando que o Brasil estava indignado contra o tal terrorismo.
Por favor, não pensem que sou insensível à covardia de um ato terrorista e, principalmente, a perda de vidas de forma tão estúpida. O que me incomoda é a enorme repercussão ao fato, em função de terem sido mortos alguns jornalistas/cartunistas, colocando a vida desses profissionais em um patamar de maior valor que os demais "bichos gente". Alguma filmagem do velório e sepultamento dos dois policiais mortos no ataque à sede do "Charlie Hebdo"? Ou da policial que impediu o outro meliante de atacar o estabelecimento judeu? Alguma citação constando, pelo menos seus nomes? Alguma foto de quando eram vivos? Não! Nada! Nunca existiram!
Qual a razão para isso? Quem sabe terá sido a motivação para as mortes. Os cartunistas foram mortos aparentemente por defenderem o direito de expressarem sua opinião, mesmo que de forma debochada e provocativa, contra valores alheios. Por aqui, há algum tempo, algumas pessoas com vaginas e orifícios excretores gulosos saciaram seus ímpetos de prazer em público, usando crucifixos e imagens representando a genitora do "filho de Deus". Tudo assimilado pacificamente por todos, inclusive lideranças religiosas, com pequenas exceções que emitiram pequenos protestos de divulgação pífia. Com os seguidores do Islã, é sabido que "o buraco é mais embaixo". Eles seguem e obedecem as prescrições de suas lideranças com a mesma devoção dos antigos seguidores de Joseph Stálin, talvez com mais persistência, mesmo que se considere o episódio do justiçamento de Trotsky. Salmán Rushdie e outros condenados pela Sharia que o digam. Viver onde as liberdades são postas em destaque superior até mesmo aos direitos ao respeito pode causar confusões na percepção de limites. Enquanto alguns podem pensar que podem desrespeitar crenças, outros podem acreditar que o direito à vida também pode ser relativizado.
De forma alguma penso que o desrespeito ao Islã justifique o ataque aos cartunistas mas me parece que a morte dos policiais foi muito mais gratuita. Para nós, brasileiros, acostumados a uma média de um policial morto por dia, é só uma questão estatística, mas me surpreende a preterição de importância da morte dos policiais franceses neste episódio. 
Liquidados os terroristas, lançada uma edição de um milhão de exemplares do "Charlie Hebdo", o que restou? Para mim, algumas dúvidas.
O descaso a respeito das mortes dos policiais e cidadãos comuns se deve ao desinteresse da sociedade francesa ou à ação direcionada da imprensa, preocupada em aproveitar a tragédia para um merchandising próprio?
Será que haverá alguma tentativa de que se repense até onde vai a liberdade? Será ela, a liberdade, realmente ilimitada? O direito de informar pode se mesclar com o direito de criticar com base em valores próprios, sendo ambos infinitos? E quem tem direito a esses direitos? Qualquer cidadão ou somente os jornalistas?
Será que se pode estabelecer uma escala de valores de vidas humanas? E a mais importante dúvida: o que nossas autoridades e órgãos de segurança (ABIN, PF, Forças Armadas, etc) estão fazendo para prevenir a ocorrência desse tipo de desgraça no Brasil?
Um pouco fora do assunto, mas coerente com a ação de mal informar exercida por nossa "grande mídia". Na manhã do dia 9 de janeiro, tive o enorme desprazer de assistir parte de um programa da Rede Record do RS com uma "reportagem" sobre as mansões e estilos de vida de um traficante assassinado recentemente e do pretenso mandante do crime, também traficante. Me "tapei de nojo" com o final do "trabalho jornalístico" mostrando uns jovens "compositores de rap", conhecidos pelo apelido de "emecis" (MCs) - tão idiota a denominação quanto os jornalistas, seus divulgadores -, famosos nas favelas em disputa pelos marginais por comporem versos em honra daqueles chefões do tráfico. Me pergunto: interessa à sociedade esse tipo de "informação"?
Essa atuação profissional me trouxe à mente uma frase do filósofo Olavo de Carvalho que pode servir de alerta a quem interessar possa: 
"O governo petista habituou a população a desrespeitar tudo. A Ordem, a Família, a Moral, as Forças Armadas, a Polícia, as Leis, o próprio Deus. Se esperava sair ileso e ser aceito como a única coisa respeitável no meio do esculacho universal, então é mais louco do que parece." (Olavo de Carvalho)
Para encerrar, leio que hoje ocorreu a explosão de uma "menina-bomba" na Nigéria, matando mais 20 pessoas em um país onde mortes violentas são rotina, assim como o descaso da imprensa a respeito. Esta notícia, obviamente, encontra-se sufocada entre os destaques dados à caçada aos terroristas franceses. Enfim, alguém pelo menos consegue identificar a Nigéria em um mapa-mundi? Ajudo: quem sabe em um mapa da África? Acho difícil.
Concluo lançando um desafio para aquele pessoal de ânus e vaginas sequiosas a quem me referi anteriormente: uma manifestação nos mesmos moldes da que fizeram com o crucifixo e com a imagem de Maria, só que utilizando a bandeira do tal Estado Islâmico. Se toparem - o que eu duvido muito - até pode ser que consigam uma parcela mínima do meu respeito.
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