domingo, 8 de junho de 2014

O Legado da Copa

por Luiz Reni Marques
A Copa do Mundo de Futebol começa nos próximos dias e as discussões sobre o que o Brasil vai ganhar sediando um evento gigantesco como este seguem na ordem do dia.
É bom, é ruim, sei lá. Sinceramente, não acho que vá acrescentar qualquer coisa à realidade do país. Somos pobres, cheio de carências e continuaremos sendo.
O que me chama a atenção é a transformação de um negócio, sim, um grande negócio, privado, em uma questão de estado.
Ora, a FIFA é uma organização particular, que promove um torneio que envolve empresas multinacionais que, sem nenhum desdouro nisto, buscam o lucro. Fica difícil entender porque o mundial virou assunto de interesse do poder público no Brasil.
Prefeitos, governadores, ministros e até a presidente da República abraçaram a causa como se fosse plataforma de governo.
Que tudo transcorra da melhor forma possível e que os sócios na empreitada colham os dividendos que esperam e os brasileiros, se for o caso, comemorem mais uma conquista esportiva. Mas, as prioridades governamentais são, ou deveriam ser, outras: educação, saúde, segurança, transporte e por aí vai.
A FIFA fatura muita grana com patrocinadores, venda de ingressos, televisionamento, etc. Se precisa de melhores estádios, aeroportos, transporte urbano para o sucesso da sua iniciativa, que procure estes recursos, assim como faz para obter gordas receitas, junto aos seus parceiros comerciais ou em lugares que contem com esta infraestrutura pronta.
Dizer que sem a Copa nada seria feito faz pensar que a poderosa entidade está bancando estas obras, o que não é o caso. Porque a verba para a logística e todas as exigências da dona do futebol deveria sair dos cofres de Brasília e adjacências, e só seriam feitas por causa do evento planetário?
Escrevo "sair" e "seriam" porque, de fato, nem foram feitos. E, pela nossa tradição, acho que nem era intenção mesmo, tocar tais projetos.
Para finalizar, o tal legado... Que mudanças houve após a "Fifa World Cup" na Alemanha, na Coréia do Sul, no Japão, na África do Sul e no México - que sediou duas copas nas últimas décadas e continua sendo o velho vizinho pobre dos Estados Unidos, que, aliás, organizou um mundial e duas décadas depois a maioria da sua população nem lembra disto?
Ah, e se for para investir em esporte, porque não em pistas, piscinas, quadras e outros equipamentos destinados à prática de esportes amadores, que poderiam contribuir para reduzir o fiasco de voltar de cada Olimpíada contando as míseras medalhas obtidas.

COMENTO: eu só acrescentaria no texto, após "as míseras medalhas obtidas", o termo "por equipes geralmente compostas por militares".

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Um comentário:

MARCOS JORNALISTA disse...

AMIGO SE NÃO HOUVESSE A COPA COMO A TRIBO P apa T udo QUE AGORA É MODA NA CAPITAL DO PAÍS, IRIA FAZER SEU PÉ DE MEIA.POR SORTE DELES O MINISTRO JOAQUIM BARBOSA ESTA SE APOSENTANDO E QUANDO O ROMBO ESTOURAR, SE DA UM JEITO,E TUDO FICA BEM.