segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Quem Paga a Conta?

Toda sexta feira, você e seus 26 colegas de faculdade vão para um pequeno boteco tomar cerveja. Dentro do espírito de igualdade, fraternidade e solidariedade, todos dividem a conta igualmente.
Passa a ser costume, uma tradição, um valor compartilhado, parte da ética do grupo.
Um dia porém, dois de seus colegas afirmando não gostar mais de cerveja decidem pedir vinho, mas dentro do espírito de solidariedade, fraternidade e igualdade já estabelecido, todos dividem a conta.
Algumas semanas depois, já são quatro colegas pedindo vinho, ninguém reclama, mas você começa a perceber que está dando uma de trouxa.
Na próxima vez você decide que irá pedir vinho também, dentro do tal princípio de isonomia, fraternidade e igualdade.  Depois de umas 12 semanas, todo mundo está pedindo vinho.
Depois de 48 semanas todos estão pedindo vinho francês, depois de 96 semanas, um pede UM Romanée-Conti.
Na vida real, provavelmente você teria há muito tempo mudado de turma. Mas como você muda de país?
Nosso sistema político que se chama de República de Estado, permite que pessoas em seu nome comprem cada vez mais com seu dinheiro.
Seu deputado precisa fazer leis e oferecer benefícios para seu eleitorado para ser reeleito.
Por isto, ele propõe uma série de benefícios como creches gratuitas, renda mínima, aposentadoria aos 50 anos, benefícios mil.
Os primeiros eleitores a conseguir uma vaga na creche ou se aposentar irão se beneficiar, em detrimento da maioria que paga a conta.  São aqueles que pediram vinho primeiro.
O deputado da cidade vizinha quer construir uma ponte para a cidade, obra que vai ser superfaturada e é totalmente desnecessária. Nunca seria aprovada se dependesse do mérito do projeto. Só que a cidade vizinha propôs apoiar o projeto de creches gratuitas do seu deputado se você aprovar a construção da ponte superfaturada.
Como nenhum deputado irá pagar a conta, os impostos vão aumentando sem parar.
No início do século, o governo representava 3% do PIB e hoje representa 54% respectivamente, e é você que paga a conta.
A situação chegou a tal ponto que tivemos que criar uma lei de Responsabilidade Fiscal, onde é crime gastar mais do que se arrecada, o que deveria ser o óbvio ululante. Nosso sistema político não recompensa a moderação de gastos.
Dividir a conta no boteco pode parecer um ato de fraternidade, mas ele traz uma semente de destruição.  A tentação de ser um Gerson e de tirar vantagem de seus colegas é sempre uma constante. Talvez você nem quisesse tomar cerveja naquele dia, e estivesse lá só pela companhia.
Infelizmente, o contrário nunca funciona. Se todos seus colegas pedirem vinho francês, e você for o único a pedir vinho nacional, depois de 48 semanas você continuará a ser o único a tomar vinho nacional.
Para que o modelo Social-Democrata funcione como se propõe, todo indivíduo, sem nenhuma exceção, tem de se comportar moderadamente "com ética socialista", nunca consumindo nada diferente do resto da patota.  Nem um chopp nem um palito a mais, somente o que o Partido mandar, por solidariedade e justiça.
Por isto, socialismo escamba rapidamente em ditadura, como ocorreu em países como a União Soviética e ainda ocorre em Cuba e na China, para que ninguém saia pedindo vinho fora de ordem.  Quem abraça o socialismo acaba tendo de abraçar a ditadura, pelo menos a ditadura dos costumes fraternos, um enorme contrassenso.
Tente pedir vinho na Venezuela ou em Cuba e veja o que acontece.
Nos países onde a previdência é um assunto privado, a maioria opta por planos que oferecem 70% do último salário, e que exigem uma contribuição 30% menor ao longo de toda a vida.
No Brasil, onde a previdência é pública e onde ninguém paga a sua própria conta, o Estado paga 110% do seu último salário, e quem paga é você contribuinte.
O mundo moderno já percebeu que somente se consegue moderação quando cada um paga a sua conta, sem ditaduras nem partidos fortes e hegemônicos.
A doutrina política que combate esta visão de mundo sequer é ensinada nos cursos universitários que existem no Brasil, sequer é ensinada nas nossas universidades. Universidades onde os alunos não pagam a contas, os professores recebem do Estado e não dos alunos, e onde o contribuinte não escolhe o professor, só paga a conta.

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