terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Comércio de Armas: Façam o Que Eu Digo; Mas não Façam o Que Eu Faço!

por Vinícius D. Cavalcante
No dia 2 de dezembro passado, o líder comunitário William da Rocinha foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro sob acusação de participar na venda de um fuzil AKS-74U para o traficante Nem. A prisão foi amparada num vídeo de 19 minutos, no qual aparece William, sentado a mesa com o traficante procurado, recebendo e contando dinheiro que lhe foi passado pelo criminoso. 
A arma em questão, uma das versões mas recentes do renomado fuzil Kalashnikov, até então nunca vista com criminosos fluminenses, emprega um calibre muito pouco usual na América Latina, o 5,45x39mm. As armas desse calibre foram introduzidas pela antiga URSS na Guerra do Afeganistão, nos anos 80 e o seu projétil, pequeno e de altíssima velocidade é excepcionalmente letal. A referida "bala", totalmente jaquetada, tinha um pequeno núcleo de aço e não era totalmente preenchida com o chumbo. A sua extremidade, por baixo da jaqueta ogival era mantida deliberadamente sem o chumbo e ao atingir o alvo, na prática, comportava-se como uma munição de "hollow-point". Para aumentar ainda mais sua letalidade,a jaqueta metálica era pré-enfraquecida em alguns pontos para que ao impactar no alvo, se fragmentasse e cavitavasse no tecido, incrementando o efeito traumático do projétil.
Não vou tecer comentários acerca do problema logístico do traficante, ao adquirir uma arma que não emprega a mesma munição dos AK-47, amplamente encontrados nas mãos de soldados, bandidos, guerrilheiros e terroristas por todo o continente. Pode ser mesmo que ele a estivesse adquirindo apenas para se exibir, e ufanar-se de ter a mesma arma que o Osama Bin Laden costumava portar; porém uma questão indiscutivelmente relacionada à prisão e que a mídia tradicional simplesmente passou ao largo é a de que o Sr. William da Rocinha foi um grande defensor do desarmamento da população civil no Brasil e que colaborou intensamente com a ONG Viva Rio, vendendo essa ruinosa mentira, como se a mesma fosse solução para a população brasileira.
Na maioria dos noticiários sequer apareceu referência a participação desse bandido no complô das ONGs, políticos e acadêmicos intelectualmente desonestos para desarmar a população civil brasileira. A verdade é que os mesmos caras de pau que querem desarmar o cidadão de bem, ontem bancavam o Nextel do tráfico da Rocinha e hoje vendem fuzil moderno, compacto e altamente letal pros traficantes! Enquanto se ensejam esforços para que nos desarmemos, E-L-E-S estão robustecendo seus arsenais com armas militares importadas, de calibre restrito, com cuja posse um cidadão sequer pode sonhar.
Na foto, o líder comunitário preso está justamente recebendo um prêmio por sua ação em prol do desarmamento dos homens de bem e ao lermos a faixa, pano de fundo na premiação, hoje, não há dúvidas de que "se a sua arma particular não for suficiente para acabar com você", podemos, providenciar com o nosso grande amigo e premiado colaborador, William da Rocinha, um poderoso fuzil AK-74, de fabricação russa, que certamente dará conta do recado!
Vinícius D. Cavalcante, CPP é Consultor em Segurança e 
Diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança - ABSEG
(www.abseg.com.br) no Rio de Janeiro.
Recebido por correio eletrônico.
COMENTO:   na última foto que ilustra o texto, datada de 2004, William Oliveira não recebia o prêmio, mas o entregava ao presidente do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne.
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