quarta-feira, 2 de março de 2011

Buenos Aires ou Maus Ventos?

Com o sugestivo título "Fazendo a Paz na Colômbia", se realizou recentemente um encontro em Buenos Aires, Argentina, onde ficou claro, novamente, que os defensores do diálogo como única possibilidade para superar o conflito são os mesmos que sustentam a polarização e a desqualificação dos que buscam superar a guerra sob os princípios constitucionais e a defesa da institucionalidade, e não como eles pretendem.
Não contavam os participantes da reunião, liderados pela ex-senadora Piedad Córdoba e seu movimento Colombianos e Colombianas Pela Paz, que o país tenha mudado tanto nos últimos oito anos que já ninguém acredita, a não ser um ou outro pseudointelectual e alguns outros com ambições políticas, que as FARC e o ELN tenham alguma vontade de diálogo.
Pelo menos, não aquela vontade necessária a qualquer processo sério de negociação: o abandono das armas, a libertação dos sequestrados sem condições, o castigo por delitos atrozes cometidos e pelo narcotráfico. Não esqueçamos que já se cumpriu o prazo e a Colômbia aderiu plenamente ao Estatuto de Roma que criou a Corte Penal Internacional. Tem razão o colunista, General (R) Eduardo Herrera Berbel, ao indagar em seu artigo "Fazendo qual Paz?".  O que ficou demonstrado em Buenos aires é que há gente interessada em dar oxigênio e "status de beligerância" às guerrilhas colombianas e, aproveitando a ocasião, conseguir uma nova chance com fins políticos.
Os tempos em que as FARC tinham "escritórios" por todo o Continente e na Europa — e aproveitavam a ingenuidade de alguns de seus governantes que "viviam em outro mundo" — já passaram.  A contraofensiva diplomática, os contundentes resultados em matéria militar e a própria degradação dentro das filas guerrilheiras encontraram na globalização e nas novas tecnologias um instrumento fundamental para desbaratar essa novela.
Se tratava de buscar a paz para Colômbia, qual a intenção tinha Piedad Córdoba ao anunciar que o vulgo "Alfonso Cano" faria um pronunciamento em Buenos Aires, quando pode fazê-lo em seu próprio país? Um pronunciamento que terminou como um "requentado" de 2010.
Como em tantas outras ocasiões, a passada reunião de Buenos Aires e a que está prevista no México, em três semanas, são parte da estratégia de, por um lado internacionalizar a guerrilha, não o conflito, e por outro lado, preparar o terreno para uma constituinte na medida que interesse às FARC e ao ELN.
A decisão de enviar à UNASUR os registros do encontro, nos lembra a petição de "Cano" para que aquele organismo lhe reconheça 'status' de interlocução.
O Governo Colombiano, que declarou que "a porta da paz não está bloqueada, somente suas chaves estão guardadas', tem que abrir os olhos e não cair na armadilha das raposas com pele de ovelhas. E, menos ainda, fechar os olhos aos atropelos e mal tratos feitos contra o ex-Presidente Álvaro Uribe, o qual recuperou a legitimidade do Estado e desnudou a barbárie dos 'alçados em armas'.
Claro que, como temos dito e hoje ratificamos, deve ser mantida uma janela aberta à negociação, porém não uma porta giratória pela qual enquanto por uma aba se fala de paz, pela outra se faz guerra. Não! Isso é inadmissível, mesmo que exaspere a muitos, incluídos os que ostentam um Nobel ou que o buscam.
Fonte:  tradução livre de El Colombiano

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