terça-feira, 20 de julho de 2010

Verdades dos Abusos da Frente 47 das FARC

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De nada serviram o esforço e as súplicas da mãe à chefe guerrilheira nas três vezes que se arriscou nas montanhas de Argelia e Nariño (Antioquia) em busca de sua filha recrutada à força pelas FARC. "Não insista companheira, já te disse que não a vou entregar", lhe respondeu secamente a guerrilheira conhecida como "Karina".
A resposta da temida comandante da Frente 47 das FARC se cumpriu e ainda que tenha tentado resgata-la, Viviana nunca mais voltou a ver sua filha V.C.P.M., de 13 anos, sequestrada em 17 de janeiro de 2000 no parque de Argelia por três milicianos.
A mulher relatou à Fiscalia que, após o rapto, três vezes foi em busca dos acampamentos da Frente 47 em Argelia e Nariño, sem conseguir que lhe permitissem sequer falar com sua filha adolescente.
Este ano, uma década depois do rapto da jovem, Viviana Carmenza, sua mãe, soube a verdade pela boca de Elda Neyis Mosquera, vulgo "Karina", a mesma que por três vezes se negou a devolver sua filha. Durante uma audiência ante o Fiscal 29 de Justiça e Paz, a ex chefe guerrilheira confessou que a menina foi fuzilada por "desobediência".
Agora, a mãe da adolescente assassinada só espera que Mosquera confesse onde enterraram o corpo.
Este homicidio é um dos 214 delitos confessados até agora por "Karina" em Justiça e Paz. Além dela, começaram a declarar outros 18 desmobilizados daquela Frente.
Segundo os fiscais, os testemunhos dos ex guerrilheiros desmobilizados revelam não só delitos de lesa humanidade contra a população civil, mas também crimes de guerra.
Muitos destes fatos foram cometidos durante 14 ataques contra populações em que "Karina" reconheceu que participou, como as tomadas de Arboleda, Nariño, Granada, Monte Bonito, Monte Zuma, Mutatá, Valencia, Riosucio e Caicedo, em Antioquia, Caldas e Chocó.
Recrutamentos e assassinatos
As confissões tem demonstrado que o recrutamento de menores foi uma pratica sistemática da Frente 47 no Oriente antioqueño. Só "Karina" confessou o recrutamento de 108 crianças, entre 1998 e 2004.
Porém como no caso da menina V.C.P.M., muitos desses menores estão mortos porque foram fuzilados ou morreram em combates. A Fiscalia está dependendo de localizar as fossas para exumá-las.
A ex chefe subversiva já reconheceu 80 fuzilamentos, muitos deles de menores, por "desobediência", por ser "infiltrados" e até por "desmoralização".
As atrocidades também começam a ser conhecidas. Uma delas foi confessada em 28 de maio passado. Em audiência "Karina" declarou que em abril de 2004 um médico chegou ao acampamento da Frente na vereda San Andrés para dar um curso de enfermagem, para isso, sugeriu conseguir um cadáver fresco ou o corpo de um animal. Em vez disso, relatou "Karina", ordenaram "trazer um habitante da vereda San Pedro, um senhor Omar". Duas guerrilheiras menores de idade o assassinaram e com seu corpo simularam uma necrópsia.
De acordo com outro desmobilizado, nas tomadas a populações, os guerrilheiros violaram mulheres. "Isso ocorría, porém ninguém falava disso", disse em seu depoimento.
Um dos crimes de guerra que os fiscais atribuem à Frente 47 foi confessado por "Karina", que reconheceu que na tomada de Arboleda fuzilaram a oito policiais, os quais tinham se rendido ao acabar suas munições.
Outros fatos que chamam a atenção por serem condutas menos conhecidas da guerrilha são o deslocamento forçado e o despojo de bens. "Nódier", segundo em mando da Frente, confessou que se apropriaram de sítios no Oriente antioqueño após despejar seus donos. Um deles foi uma finca panelera (granja produtora de rapadura) que, segundo "Nódier", foi "entregue a um miliciano para que trabalhasse com outros guerrilheiros".
O despojo incluía o roubo de gado. Também haviam escriturado sítios e casas para guerrilheiros e colaboradores.
A denuncia desta prática e a "ajuda logística" por parte de um alcalde (prefeito) de Samaná (Caldas), denunciada por um Procurador, conduziu ao assassinato deste, declarou Leonardo Marín, vulgo "Leo", chefe de milicias em Nariño.
Os desmobilizados da Frente 47 começam também a revelar supostos vínculos com funcionários e dirigentes políticos, cuja veracidade a Fiscalia deverá investigar. "Nódier" e "Garganta" declararam que se aliaram com dirigentes no Oriente antioqueño e em Caldas, os quais lhes permitiam fazer proselitismo em troca de ajudar a guerrilha com contratos, provisões e alimentos. Os desmobilizados se referiram a um sequestro massivo de vereadores, que segundo eles foi apresentado assim para encobrir uma reunião para definir apoios para as FARC.
Começam a revelar-se as verdades e crimes da Frente 47 das FARC. Porém as vítimas, em especial as mais de 10.000 registradas no Oriente antioqueño, ainda não assistem nem participam decididamente no processo contra os ex guerrilheiros. "Uns tem ainda medo e outros não tem a suficiente informação ou o dinheiro para deslocar-se desde as veredas até as salas de audiencias", sustenta uma líder das vítimas da zona.
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» Contexto

Uma Frente em extinção
A Frente 47 foi uma das estruturas mais fortes das FARC em Antioquia, onde chegou a ter uns 250 guerrilheiros em 2002. O grupo semeou o terror no Oriente antioqueño com tomadas de povoados, homicídios, explosões de torres, extorsões e centenas de sequestros e 'pescas milagrosas' (sequestros-relâmpagos) na autopista Medellín-Bogotá. Porém a ofensiva da Força Pública, as mortes em combate e dezenas de deserções dizimaram esta Frente, que hoje está quase extinta.
Segundo fontes militares, após a captura em março passado, em Granada, do vulgo "Moncholo", chefe da Frente, ao grupo restavam cerca de 10 guerrilheiros, que terminaram absorvidos pela nona Frente.
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» Os desmobilizados
Hernán García, vulgo "Nódier" - foi segundo em mando da Frente 47 das FARC
Este mês começaram as audiências de Hernán García Giraldo, vulgo "Nódier", segundo em mando da Frente 47 e condenado a 20 anos de prisão pela morte de 23 pessoas na tomada de Argelia, em dezembro de 2000. Ele disse que confessará assassinatos, vínculos com autoridades e indicará localizações de fossas com restos.
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Leonardo Quintero, vulgo "Leo" - chefe de milicias da Frente 47 das FARC
Vulgo "Leo" foi chefe de milicias da Frente 47 em Nariño e Puerto Venus. Em suas versões confessou assassinatos de pessoas assinaladas como delinquentes e colaboradores da Força Pública, de um total de uns 50 homicídios que reconheceu até agora. Disse que indicará as localizações de seis fossas.
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Marco F. Giraldo, "Garganta" - Mando médio da Frente 47 das FARC
Após a desmobilização de "Karina" este guerrilheiro chegou a ser segundo em mando da Frente 47 das FARC. Mencionou vínculos de funcionários como alcaldes e concejales (vereadores) com o grupo armado ilegal, os quais lhes permitia fazer proselitismo em troca de ajudar a guerrilha.

Fonte: tradução livre de El Colombiano
COMENTO: essa é parte das "ações insurgentes" dos aliados do PT no Foro de São Paulo e que nosso desgoverno se recusa a qualificar como bandidos. Espero que os meliantes aqui citados apodreçam nas masmorras até o fim de suas podres vidas. Notícias como esta não se vê na nossa grande imprensa, comprada com as verbas públicas que deveriam ser destinadas a obras de infra-estrutura pelo país a fora. Nos resta a esperança de que o novo Presidente colombiano dê seguimento às ações de Álvaro Uribe e que consiga desbaratar totalmente esse bando de desqualificados, para o lamento dos seus admiradores brasileiros, particularmente os deficientes dentais.
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