quarta-feira, 30 de junho de 2010

Bandeiras Esfarrapadas

por Janer Cristaldo
Interrogada pela reportagem de Veja sobre a liberação das drogas e do aborto, disse Marina Silva: Olhe como é a vida! Posso dizer que nunca fui discriminada por ser mulher ou negra, mas agora, pela primeira vez, estou sentindo um grande peso por ser evangélica. Quando os outros políticos se dizem contrários ao aborto, o assunto morre ali. Comigo vira sabatina. Colocam-me rótulos de ultraconservadora, de fundamentalista, que não me cabem, pois não vivo à margem da modernidade. Você não imagina o mal-estar que isto me traz. Mas não vou mexer uma vírgula em meu discurso. Sou a favor da democracia e reconheço o grau de complexidade dessas questões. Por isso, eu as submeteria a plebiscito.
Que discurso? Que vírgula? A candidata não disse nada. Seus entrevistadores, um deles o diretor de redação de Veja — famoso pela histórica barriga do boimate não ousaram sequer fazer a pergunta que deveria ser feita: e no plebiscito, em qual opção você vai votar? Por ou contra a liberação do aborto e das drogas?
Isso sem falar que a candidata, pertencendo a uma religião que consegue mobilizar dois ou mais milhões de pessoas para uma passeata, se sente discriminada. Ser discriminado está virando moda no Brasil. Negro é discriminado mas vale por dois brancos em um vestibular. Homossexual é discriminado, mas se algum pastor citar o desagrado do bom Jeová em relação ao sexo de homem com homem  mulher com mulher, a Bíblia não condena , arrisca um processo. Isso sem falar que os ditos gays estão disputando firme com os evangélicos na hora de reunir multidões para suas passeatas.
Dos três candidatos mais em destaque à Presidência da República, é difícil dizer qual o mais dissimulado. Talvez seja morena Marina. Assumiu o topo do muro e não abre. Meio ambiente à parte, não é contra nem a favor disto ou daquilo. José Serra, por sua vez, participa da mesma hipocrisia. “A descriminalização do aborto liberaria uma carnificina” — declarou nesta semana. Ou seja, todos os países do Ocidente onde o aborto é permitido praticam diariamente carnificinas.
Ora, se aborto é carnificina, carnificina é rotina no Brasil. Em 2008, o Ministério da Saúde considerava que um milhão de abortos ilegais eram feitos anualmente no país, apesar da proibição no Código Penal e da forte oposição da Igreja. Ora, se um milhão de abortos são feitos anualmente entre nós, é porque a prática já faz parte dos usos e costumes nacionais.
O mesmo diga-se das drogas. Nas grandes cidades brasileiras, você encontra maconha ou crack com mais facilidade que Melhoral. Os políticos, temendo uma hipotética reação do eleitorado religioso, fingem que aborto e drogas são proibidos e manifestam-se ora contra, ora a favor de sua liberação. Perguntas aos leitores: você viu alguém preso pelo consumo de drogas no Brasil, nas últimas décadas? Eu não vi. Lá de vez em quando prende-se um traficante para mostrar serviço  ou porque não contribuiu com a polícia , o que não faz nem mossa no tráfico.
Você viu alguma mulher presa por ter praticado aborto no Brasil? Eu não vi nenhuma. Se fossem presas, precisaríamos de prisões suficientes para abrigar um milhão de mulheres ... por ano. Isso sem falar nos pais ou maridos que as induzem ao aborto. Nem nos médicos, enfermeiras ou açougueiras que o praticam.
Qual pai ou mãe, por católico que seja, não leva a filha a um aborteiro, quando a gravidez é indesejada? Qual jovem, independentemente de qualquer crença, não procura um médico após ter cometido uma imprudência? Qual rave ou festival de rock não tem farta distribuição de drogas? Será que algum pai não sabe disso? Ou acha que seus filhos consomem refrigerantes nessas festas regadas a ecstasy? Aqui em São Paulo, a distribuição de drogas é feita na porta dos colégios. Sob o olhar complacente da polícia. E ai do professor que ouse denunciar algum traficante! Corre risco de vida.
Na chamada Cracolândia, os nóias fumam seus cachimbos a céu aberto, seja dia ou faça noite. A poucos metros dali, há um posto policial. Se a polícia inventa de levar os pobres diabos a uma delegacia, do nada surge um batalhão de assistentes sociais e defensores dos direitos humanos, protestando contra “a quebra de confiança” decorrente da ação policial.
Político que fala em liberação de drogas ou aborto não passa de um demagogo que finge desconhecer o mundo em que vive. Não merece um pingo de crédito. Ignoram o país real e alimentam a imagem de um país ideal, no qual a droga e o aborto são proibidos por lei. Acontece que lei, no Brasil, pertence ao universo da ficção. De uma ficção não coercitiva.
Quando se trata de droga ou aborto, cumpre a lei quem quiser. Quem não quer, a transgride e nada acontece.

Quebra do Sigilo Fiscal

por Paulo Brossard (*)
Grande jornal, editado no maior Estado da federação, tem uma autoridade inerente à sua própria dimensão e, correlatamente, igual responsabilidade no que tange à exatidão da notícia divulgada. A Folha de S.Paulo, em sua edição de 19, dedica quase metade de página de seu primeiro caderno a revelar fato de excepcional gravidade, tanto mais quando esclarece ter tido acesso a documentos que asseguram sua origem, saídos “diretamente dos sistemas da Receita Federal”. A matéria é variada, mas basta o enunciado para que se fique sabendo ter havido quebra de sigilo fiscal. Pouco importa indagar quem engendrou a maquinação ilícita, seu CPF, fotografia, impressão digital, ou o que mais seja, uma vez que o fato divulgado menciona com todas as letras um caso de quebra de sigilo fiscal para fins da montagem de dossiê envolvendo a pessoa de um candidato à Presidência da República.
Começo por observar que o expediente não é original. Estou a lembrar-me do ocorrido também em São Paulo quando da eleição para o governo daquele Estado. Salvo engano, foi em 2006. O encontro para a venda do dossiê se deu no Hotel Ibis, próximo ao aeroporto Congonhas, o preço R$ 1,7 milhão, importância que ficou “hospedada” naquele hotel não sei por quanto tempo. Lembro o fato apenas para mostrar que esse negócio de dossiê tem precedente. Parece que foi o presidente da República que batizou de “aloprados” seus autores. Fecho aqui o parêntesis para retomar o caso agora denunciado pela folha paulista.
O primeiro efeito da notícia foi o desligamento, voluntário ou não, de alguém do “grupo de inteligência da pré-campanha” da candidata oficial. Saliente-se que, o mesmo jornal, no mesmo dia, sábado-19, acrescentou que “procurada desde o começo da semana, a Receita Federal informou que não iria se manifestar sobre o assunto” e, ao que sei, permaneceu muda.
A primeira pergunta que me faço e também ao leitor, é se a Receita é um segmento do serviço público e está sujeita à lei, como toda a administração pública, art. 37 da Constituição, ou está acima dela. O decoro da administração, particularmente o da administração fiscal, que hoje tem acesso às mais recônditas intimidades fiscais de qualquer contribuinte, exige o cabal esclarecimento do estranho sucesso. A administração não pode atribuir-se a comodidade do silêncio, quando o jornal que desvendou o caso estampou a matéria sob este título: “Dado sigiloso de dossiê saiu da Receita”.
Desnecessário dizer que não tenho informações privilegiadas e me socorro do que é acessível a qualquer mortal. Pois bem, a própria ex-ministra-chefe da Casa Civil, hoje candidata à presidência da República, declarou pelo mesmo jornal, “vazamento é com a Receita, diz Dilma” e, no dia seguinte, “a Receita Federal é que deve explicar, porque nós não temos nada com isso, disse a candidata do PT ontem, em Lisboa”. Este o fato em sua nudez.
Em assunto dessa relevância, o silêncio é mortal, até porque enseja, se não legitima, as piores ilações.
Quem chamou a Receita Federal à colação não foi um anônimo, mas a até ontem ministra da Casa Civil da Presidência da República e hoje candidata à Presidência, e o fez de maneira inequívoca, em declarações daquém e dalém mar. Não tenho meios de asseverar se a enfática declaração é verídica ou não, mas, qualquer que seja, tem de ser apurada. Se verdadeira, é grave, uma vez que se fica a saber que um serviço público da importância da Receita Federal vem sendo objeto de tamanho desvio de finalidade, configurando insigne ilicitude a atingir a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país; se falsa a versão, não haverá brasileiro ou estrangeiro aqui residente que não se sinta igualmente atingido em sua segurança constitucionalmente proclamada. A questão é de excepcional gravidade, pois não é doméstica, mas de natureza pública, impessoal e indisponível e envolve a administração inteira. A quebra do sigilo fiscal contamina o serviço e o compromete de alto a baixo. Não seria de o Ministério Público usar de sua autoridade para apurar a real autoria da quebra do sigilo, pois quanto à sua ocorrência já não paira dúvida alguma?
(*) Jurista, ministro aposentado do STF
COMENTO: o destaque é dado por que a notícia se refere a um político. Por outro lado, a quebra do sigilo fiscal de seis militares comprovada por documento exibido pelo jornalista Cláudio Humberto, seguida por um ofício inconsistente tentando desmentir a ocorrência da ilegalidade, não teve repercussão alguma. Escrevi inconsistente para não incorrer em ofensa pessoal ao subscritor do tal ofício. Afinal, houve uma época em que faltar com a verdade era considerada falta grave para com a honra militar. É claro que a tal quebra de sigilo foi uma bobagem. A merreca recebida mensalmente por militares, a título de vencimentos, deve ter sido motivo de chacota por parte dos violadores da lei. E as vítimas, particularmente as que detém cargos com alguma importância hierárquica, possivelmente temendo ter seus contra-cheques revelados e, assim, sentirem-se envergonhadas em função dos seus "atestados de pobreza", recolheram-se ao seu anonimato esperançoso por alguma recompensa futura na forma de alguma "boquinha". Apurar responsabilidades. Nem pensar!!
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terça-feira, 29 de junho de 2010

Direitos Humanos, à Moda Russa


Resumindo o vídeo: Um petroleiro russo foi aprisionado por piratas somalis. A força naval da União Européia, que patrulha aquelas águas, não interferiu, temendo baixas na ação.
Os Comandos Navais russos são acionados e o destróier "Almirante Panteleev" é deslocado para o local. Em 27 de abril de 2010, resgatam o petroleiro, libertam seus compatriotas e aprisionam os piratas, inclusive os feridos, levando-os de volta para o barco pirata, que é vasculhado em busca de armamento que, como se vê, é numeroso.
Falam em russo (um pirata, ferido, diz em inglês que aquele é um "navio de pesca" e é retrucado, também em inglês, que está mentindo - "you lie! It is not a fishing boat!" ).
Retornam para o navio da Marinha de Guerra Russa, de onde assistem ao afundamento do barco pirata, em conseqüência das explosões das cargas por eles lá instaladas.
Agências noticiosas anunciaram que os 29 presos foram encaminhados à prisão e aguardarão julgamento. Por outro lado, circula na rede mundial comentários de que os piratas "teriam sido afundados com seu barco". Seja como for, a questão foi resolvida.
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"Os comandos russos afundam o barco pirata, sem qualquer procedimento legal (tribunal, processo, advogados, burocracia, etc.).
Usaram as leis contra a pirataria dos séculos 18 e 19, quando o capitão do navio de resgate tinha o direito de decidir o que fazer com os piratas.
Normalmente eles eram enforcados.
Os navios russos não mais serão alvo daqueles piratas somalis."


COMENTO:
ação rápida e eficiente, como devem ser ações militares. A política russa de "não negociar com terroristas" vem desde os tempos da extinta URSS. Nem sempre é eficiente como se constata nos diversos conflitos recentes em que as forças russas provocam, quase sempre, "efeitos colaterais" com danos a inocentes. Mas faz com que os "inimigos" da Rússia pensem duas vezes antes de tentar submetê-la por meio do temor. Por outro lado, como comentou o meu amigo que recomendou o vídeo, imaginem uma ação dessas protagonizada por militares israelenses, norte-americanos ou mesmo colombianos. A grita dos "direitos dos manos" seria ensurdecedora!!

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segunda-feira, 28 de junho de 2010

AJUFE Sai em Defesa do Juiz Federal Odilon de Oliveira

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Diante das informações veiculadas na imprensa de que a OAB - Ordem dos Advogados do Brasil vai ingressar no Conselho Nacional de Justiça com representação contra o juiz federal Odilon de Oliveira, do Mato Grosso do Sul, por abuso de autoridade e violação às prerrogativas dos advogados, em razão do magistrado ter autorizado a gravação de conversas entre os advogados e presos que se encontram no presídio federal de segurança máxima de Campo Grande, a AJUFE se manifesta no seguinte sentido:
1 – O juiz federal Odilon de Oliveira e outros magistrados que autorizam judicialmente gravações de conversas entre presos e advogados em presídios federais agem estritamente dentro da lei e só o fazem quando há indícios de que o advogado tem envolvimento nos crimes praticados por seus clientes;
2 – A referida autorização a que a OAB nacional se refere publicamente foi realizada em 2008 e a investigação revelou que traficantes presos na prisão federal planejavam sequestrar autoridades e seus parentes, entre eles o filho do presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva.
3 – A colheita da provas corre em absoluto segredo de justiça e o fato de haver equipamentos de áudio e vídeo instalados nos presídios em hipótese alguma significa que seu uso é indiscriminado. Não há provas de que os mesmos foram utilizados sem autorização judicial;
4 – Os juízes federais respeitam e reconhecem a OAB como entidade fundamental na preservação do Estado Democrático de Direito, mas são conscientes do papel que lhes cabe na manutenção desse “status quo” e na garantia dos direitos fundamentais, por essa razão não se intimidarão diante de manifestações como a presente;
5 - A AJUFE repudia as injustas agressões que o juiz federal Odilon de Oliveira vem sofrendo apenas porque exerceu com zelo a sua função jurisdicional e informa que prestará toda a assistência necessária ao seu associado, através de sua comissão de Defesa de Prerrogativas, para impedir ataques intimidatórios contra a independência dos Juízes Federais, tomando todas as medidas judiciais em face daqueles que pretendem desestabilizar a devida ordem processual, onde os fatos devem ser debatidos, inclusive por meio das instâncias recursais.
Brasília, 23 de junho de 2010.
Gabriel de Jesus Tedesco Wedy
Presidente da AJUFE
Fonte: AJUFE
COMENTO: O Juiz Federal Odilon de Oliveira tornou-se conhecido pelo volume e a qualidade do trabalho realizado em Ponta Porã/MS, onde combateu fortemente o narcotráfico oriundo do Paraguai. Em 2005, uma reportagem sobre os prejuízos que o trabalho do juiz rendia a ele e sua família, colocou o magistrado em destaque. Em maio de 2007, ele divulgou provas de que as FARC atuam no território nacional treinando bandidos do PCC e do Comando Vermelho em técnicas de guerrilha urbana. Em meados de 2008, passou a ser alvo do bandido conhecido como Fernandinho da Beira-Mar por tentar reduzir as suas visitas de semanais para quinzenais, restringindo-as ao parlatório (cabine com vidro e microfone), e zerando sua correspondência. Mas o Tribunal Regional Federal cassou a decisão de Odilon que impediria Beira-Mar de tocar seus negócios de dentro da cadeia. Assim, o traficante continuou a receber e enviar por mês cerca de 15 cartas invioláveis – através das quais são emitidas suas ordens. Em outubro de 2009, um texto de Olavo de Carvalho reiterava a denúncia de maio de 2007. Em função de seu trabalho, o juiz Odilon, que deveria ser idolatrado pelos cidadãos brasileiros, está na iminência de ser processado por aquela entidade nacional que congrega os "defensores de bandidos", a mesma entidade cujos presidentes vivem apregoando "limpeza na política", mas que não demonstra vontade alguma em fazer uma "faxina interna" contra os maus profissionais que lhe são afiliados. É claro que o juiz não colabora para "amaciar" a vida dos criminosos - clientes dos associados "daquela entidade" - e isto tem que ter fim. Afinal, na visão dos dirigentes da "entidade", a violência que aflige os pagantes de impostos faz parte da "justiça achada na rua" e o que deve ser preservado são os "direitos dos manos".
Para quem quiser conhecer melhor o juiz Odilon de Oliveira, visite seu blog.
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domingo, 27 de junho de 2010

Monumento à Coerência!

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“Acho que não é cabível vestir o boné do MST.
Governo é governo, movimento social é movimento social”.

(Dilma Rousseff em 20 de abril de 2010)


A imagem abaixo é de 25 de maio de 2010:



Fonte: Montedo

sábado, 26 de junho de 2010

Ficha Limpa e Nossos Desastres

por Márcio Accioly
A tragédia das enchentes no Nordeste brasileiro, com o “tsunami” que devastou inúmeras cidades de Pernambuco e Alagoas, mostrou novamente ao país uma Região esquecida e miserável que não dispõe de mínima infraestrutura, e na qual as relações sociais em pouco ou quase nada diferem das estabelecidas ao tempo da escravidão.
O que fica bem claro e assusta é a certeza de que o Brasil não deu certo. Trata-se de país do oba-oba, onde a televisão impõe pauta de discussões e determina seus rumos, numa ação orientada de fora para dentro em prática de visível domínio. No Brasil do século 21 (transformado em bordel), a ignomínia tornou-se normalidade.
Vivemos cheios de invencionices e mentiras. Massacrados por festas e arranjos que nada deixam de produtivo ou positivo. Carnaval, futebol, São João, novelas, BBBs e programas de auditório de baixíssimo nível, aparato que privilegia a malandragem e um jeitinho cujo resultado gritante é a falta de perspectiva. Festa permanente.
Há de se falar bem alto e em bom som: somos um país doente, dominado por ladrões e analfabetos (a maioria diplomada), pessoas sem qualquer compromisso com o futuro, até porque a desinformação e o despreparo as levam crer unicamente num imediatismo que só faz aprofundar nosso desespero.
Como solução para o alto grau de analfabetismo, cotas foram instituídas. Somos, talvez, o País onde mais existem pessoas diplomadas per capita no mundo! Mas tente-se fazer com que algumas delas redijam um ofício.
De vez em quando as coisas acontecem como uma onda: vêm e passam. Quem não se lembra do avião da TAM no aeroporto de Congonhas, no dia 17 de julho de 2007? À época, o ministro Nelson Jobim (Defesa), garantiu que todas as providências seriam tomadas, que novo aeroporto seria construído, etc. e tal.
Sua excelência, inclusive, compareceu a Congonhas vestido de bombeiro (ele, antes, já tinha vestido farda de general, segurado uma jiboia na Amazônia, com ações de impacto para impressionar incautos). E o que se fez desde então? Que providências concretas foram tomadas com o objetivo de se prevenirem outras tragédias?
Aqui estamos sempre à espera de novos desastres, quando atentas autoridades anunciarão providências indispensáveis só para aparecerem bem nas fotografias. Nada além. A memória humana é fraca e a televisão está aí para determinar o que é ou não importante. Num país onde não se estuda ou lê, discute-se o que as TVs apresentam.
Na nova onda, aprovou-se agora a lei que se convencionou chamar “Ficha Limpa”, jogada mal elaborada pelos principais atores (saiu pela culatra de boa parte da classe política), e que o Judiciário em boa hora resolveu adotar. Quem dos corruptos em são consciência pretendia vê-la colocada em prática nalgum ano?
Temos visto pessoas envolvidas nos mais escabrosos desmandos a participarem de postos importantes na administração pública, detendo mandatos eletivos. Fica difícil destituí-las dos cargos, pois são responsáveis pela elaboração das leis.
A nova desgraça que se abateu sobre o Nordeste deverá ser amontoada a tantas outras acontecidas e não resolvidas. Mas é preciso que se dê o primeiro passo em busca de justas saídas. Ou veremos o país explodir a médio ou curto prazo num cipoal de más decisões e desordenamento.
A propaganda oficial dos diversos governos que entram e saem não conseguem esconder o flagelo do Nordeste, o analfabetismo nacional, a ausência de transporte público, Saúde e falta de presídios. Quantos desastres serão ainda necessários?
Vamos torcer para que o Ficha Limpa funcione, impondo restrições à reincidência de abusos. E que eles não anulem tudo isso na primeira oportunidade.
Márcio Accioly é Jornalista.
Fonte: Alerta Total
COMENTO: mas o povão quer saber é se vamos rumo ao "ékça", amando ou odiando Dunga, pois o que interessa mesmo é que o grande Líder tem mais de 85% de aprovação popular. Que se indague nas Alagoas ou na sofrida região de Pernambuco, se Stalinácio, Renan ou Geddel tem alguma culpa sobre os problemas que lá ocorrem. A resposta é a de que "padim cíço quiz assim" e os políticos citados são inocentes de qualquer culpa. Realmente, o Brasil não deu certo e a culpa nem é tanto dos safados, mas sim do povinho que os sustenta.
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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Um Ano Sem o Michael!

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Ao comemorarmos (?) um ano sem Michael Jackson, não poderia fugir à regra da "grande mídia" que dedica, hoje, grandes espaços ao ídolo de muita gente. Assim, republico uma homenagem ao artista que, de acordo com o "homenageante", "adorava um guri".


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Oposição ao DCE/UFRGS é Investigada por Corrupção

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No último dia 17 de junho, o Diretório Central de Estudantes da UFRGS criou uma Comissão Interna de Auditoria - CIA para investigar denúncias de irregularidades financeiras nas gestões da entidade de 2005 a 2009.
A criação desta Comissão foi motivada por denúncias de estudantes da UFRGS, apresentadas no Protocolo Geral da Universidade (processos nº 3078.016494/10-19 e nº 23078.016493/10-56).
As antigas gestões, comandadas por militantes ligados ao PSOL, não realizavam prestação de contas de forma pública e transparente.
Segundo a própria atual gestão do DCE, foram encontradas notas fiscais adulteradas e documentos falsificados junto aos balancetes das antigas gestões.
Outra denúncia feita à mesma Comissão diz respeito ao mau uso de verba do DCE, por parte da ex-membro da entidade e hoje Vereadora de Porto Alegre pelo PSOL, Fernanda Melchionna, que teria viajado à França para participar de manifestações políticas usando dinheiro dos estudantes.

Segue o texto da Portaria que instituiu a Comissão Interna de Auditoria - CIA:

PORTARIA N° 001 de 17 de JUN 2010

Constituição da Comissão Interna de Auditoria (CIA) para
averiguar as prestações de contas dos anos de 2005-2009.

O PRESIDENTE DO DIRETÓRIO CENTRAL DE ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, no uso de suas atribuições, com base no estatuto geral da entidade, Cap.V, Art 25, Parágrafo Único.
R E S O L V E

Art. 1° Instaurar a Comissão Interna de Auditoria (CIA) para averiguar as prestações de contas dos anos de 2005-2009, referentes a antigas gestões do Diretório Central de Estudantes, com base em processos administrativos n° 23078.016494/10-19 e 23078.016493/10-56, abertos por estudantes da UFRGS.

Art. 2° A comissão será composta por 5 (cinco) membros, abaixo nomeados, 1 (um) Advogado registrado na OAB e quaisquer outros órgãos, de natureza pública ou privada, convidados para participar da comissão afim de auxiliar ou averiguar os andamentos do trabalho desta comissão.
I – Claudia Elizabeth Thompson
II – João Leonardo Fracassi
III – Leonildo Salles
IV – Marcela Bento Ribeiro
V – Mariana da Rosa Martins

Parágrafo Único: Cabe a comissão eleger seu presidente, relator, bem como, homologar advogado, escritório de advocacia ou quaisquer outros órgãos, de natureza pública ou privada, convidados ou contratados pela comissão, afim de auxiliar ou averiguar os andamentos do trabalho desta comissão.

Art. 3° A comissão elaborará relatório final conclusivo que será encaminhado à Diretoria Executiva para homologação, bem como demais órgãos competentes, entre eles Ministério Público Federal e Estadual.

Art. 4° Independente da comissão e de seus resultados, será requisitada uma auditoria externa, reconhecida pela sociedade civil por sua conduta idônea, para averiguar as prestações de contas de 2005-2010 e dar o seguinte encaminhamento ao parecer final:
I – Diretoria Executiva do DCE/UFRGS
II – Reitoria da UFRGS
II – Auditoria da UFRGS
II – Tribunal de Contas da União
III – Ministério Público Federal
IV – Ministério Público Estadual

Renan Artur Pretto
Presidente Diretório Central de Estudantes
Gestão 2009/2010
Fonte: Anderson diz...
COMENTO: esta é a atitude mínima que se espera de alguém que se propõe a administrar uma entidade coletiva onde existam indícios de mau uso de recursos públicos. Obviamente, a esquerdalha fará manifestações e até mesmo usará de violência, como já fez recentemente, com a finalidade de intimidar os investigadores. Tem que investigar e, caso se comprove irregularidades, processar civil e criminalmente os responsáveis, com o objetivo principal de obter o ressarcimento dos recursos mal utilizados. Vão bem os jovens da UFRGS, futuros gestores deste país! Pena que seu exemplo não seja seguido, sequer pensado, pelos atuais políticos que desgovernam este país.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dunga, um Homem de Verdade !

por James Pizarro
O Dunga foi capitão da seleção, lembram? Xingava todo mundo e exercia liderança absoluta sobre seus colegas dentro do campo.
Para que a comissão técnica conseguisse bom comportamento do Romário durante a Copa botaram o mesmo a dormir no quarto do Dunga. Romário até hoje diz que o melhor amigo que ele teve na Seleção foi o Dunga, porque lhe deu sempre bons conselhos e conversavam horas a fio.
Foi capitão no Internacional de Porto Alegre, do qual saiu porque reclamou duma diferença de 400.000 reais que não lhe pagaram. Abandonou as chuteiras, entrou na justiça e teve ganho de causa. E fez uma doação dos 400.000 reais para uma instituição de caridade de Porto Alegre que atende crianças com câncer.
Qual jogador que faria isso nesse bando de mercenários que anda por aí?
Como técnico tem suas convicções e delas não se afasta.
É viril, sim, como foi dentro de campo. Todo mundo sabe que, fora do campo, é uma moça tímida. Mas se transforma num guerreiro quando defende seu trabalho e suas convicções.
E exerce total liderança entre os jogadores, cada um deles com o Ego maior do que um transatlântico. Depois da partida contra Costa do Marfim, quase quebraram nossos melhores jogadores. Queriam que Dunga recitasse poemas parnasianos na entrevista? Chamou alguns críticos de f...d...p... E daí? Alguns são mesmo!
É um homem de verdade o Dunga. Num país habitado quase por fantoches e marionetes.
Como é honesto, é criticado.
Como é direto e coerente, é chamado de grosso.
Como não adula jornalista, é sabotado.
Como caga e anda para a crítica, é odiado.
A Globo que crie vergonha e critique a roubalheira que ocorre no país, sem medo de perder as verbas publicitárias dos Correios, Caixa Econômica e demais órgãos estatais.
E deixe o Dunga trabalhar em paz.
Fonte: James Pizarro

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Segredos da Guerra Fria – O Resgate do Submarino Soviético K-129

por Roberto Ribeiro
Não é de hoje que segredos são guardados a sete chaves. Documentos são arquivados ou alterados, pessoas simplesmente desaparecem, outras tem as identidades alteradas, locais tem seus nomes modificados. Tudo isso é ainda feito, para evitar que acontecimentos sejam revelados ao mundo, acontecimentos que em alguns casos, poderiam levar nações à guerra e ao caos, ou simplesmente para desviar a atenção de algo ainda mais importante.
No Século XX, o mundo assistiu a acontecimentos, em escalas nunca antes vislumbradas. Duas Grandes Guerras Mundiais, a agonia de antigos impérios, o nascimento de “novos impérios” e um tipo ainda não experimentado de guerra, a Guerra Fria. E foi justamente nestes longos 45 anos de Guerra Fria, que por mais de uma vez, o mundo esteve a ponto de vivenciar sua maior e mais destruidora guerra, a guerra nuclear.
Às vezes, fatos aparentemente sem importância, eram capazes de tomar proporções incomensuráveis. Um destes fatos ocorreu no final da década de 1960, mais precisamente em 1968, o naufrágio do submarino soviético K-129.

1 – Submarino Soviético K 129
O submarino diesel-elétrico soviético K-129, era um dos 23 submarinos da classe 629A (Codinome OTAN: Golf II). Todas as 23 unidades desta classe, foram comissionadas entre 1958 e 1962.
O submarino K-129, foi encomendado em 1958, sendo concluído em 1960. No ano de 1966, os submarinos 629A/Golf II, tiveram seus sistemas de lançamento de mísseis D-1, substituídos pelo novo sistema D-4, muito mais moderno. O projeto original do 629A/Golf II, utilizava os mísseis R-11 FM “Scud”, mas com a substituição do sistema de controle, estes submarinos receberam os novos mísseis balísticos R-21 (Codinome OTAN: SS-N-5), capazes de transportar ogivas nucleares de até 1 megaton. Estes eram os primeiros mísseis soviéticos capazes de serem lançados com o submarino submerso.
Após a modernização, o K-129, sob o comando do Capitão V.I. Kobzar, foi incorporado à Esquadra do Pacífico, sendo alocado no 15º Esquadrão de Submarinos, baseado na Base Naval Rybachiy, em Kamchatka. O 15º Esquadrão estava sob o comando do Almirante Rudolf A. Golosov. Em janeiro de 1968, o 15º Esquadrão de Submarinos, fazia parte da 29ª Divisão de Mísseis Balísticos, comandada pelo Almirante Viktor A. Dygalo.
Após concluir com sucesso duas missões de patrulha, em 1967 (cada missão durava 70 dias), o K-129 foi escolhido para iniciar uma nova patrulha em fevereiro de 1968. Esta nova patrulha teria início no dia 24 de fevereiro e estava programada para ser concluída em 05 de maio do mesmo ano. A nova missão incluía também testes de mergulho de grande profundidade (dentro do suportado pelo submarino). Após os testes de mergulho, o submarino voltando a superfície, fez contato via rádio, para reportar que tudo havia transcorrido positivamente. Além dos contatos normais de checagem, nenhuma outra comunicação foi realizada, até o submarino chegar ao local programado para sua missão.
Em meados de março de 1968, as autoridades soviéticas foram informadas que o K-129 não havia respondido a dois contatos de checagem. Por conta disso, foi emitida uma mensagem urgente, instruindo o submarino a romper o silêncio de rádio. Como nada ocorreu, foi emitida uma mensagem de caráter urgentíssimo, solicitando contato imediato, que mais uma vez não teve resposta. Na semana seguinte, a marinha soviética declarou o K-129 como “desaparecido”, iniciando uma busca naval e aérea maciça, onde foram empregados navios, aeronaves e submarinos, que esquadrinharam o Pacífico Norte, entre Kamchatka e Vladivostok, mas nada encontraram.No auge da Guerra Fria, a movimentação soviética no Pacífico chamou prontamente a atenção dos EUA, que mais que de imediato analisou e concluiu que provavelmente se tratava da perda de um submarino, mas a julgar pela proporção, se tratava de algo muito importante.
Os EUA, usando todo seu aparato de inteligência naval, triangularam informações e, a partir de dados relevantes obtidos do SOSUS, datados de 08 de março de 1968, determinaram um provável ponto para o naufrágio, que curiosamente estava totalmente fora do local onde as forças soviéticas realizaram suas buscas e de onde o submarino deveria estar, o que ajudaria ainda mais a acobertar as operações de busca americanas. O SOSUS detectou uma grande explosão submarina, cuja localização era 40º N, 180º W. Este local, se situa a pouco mais de mil milhas náuticas do arquipélago do Hawai.
Já o sistema de localização soviético se mostrou inadequado para determinar a localização de sua belonave desaparecida e, pouco tempo depois, as atividades navais retornaram aos padrões normais.

1.1 – Míssil Balístico R-21 (SS-N-5)
Desenvolvido a partir do R-15, o míssil R-21 foi inicialmente projetado pelo OKB-586 (Departamento de Projetos de Mikhail Yangel e Yuzhnoye), em março de 1958. Em 17 de março de 1959, o projeto foi entregue então ao SKB-385 (Departamento de Projeto de Foguetes Victor Makeyev).
O projeto originalmente se destinava a equipar os submarinos da classe 629A (Golf II), sendo necessário para tal, o sistema chamado “Complexo D-4”. Seu primeiro lançamento bem sucedido ocorreu em 1960, e o primeiro lançamento de um míssil R-21 padrão, ocorreu em 1962.
Diferente dos projetos ocidentais, o R-21 utilizava um lançador a base de combustível sólido, para ejetar o míssil do tubo lançador, antes que o motor principal fosse acionado. Este arranjo permitia que os mísseis pudessem ser lançados de profundidades de até 60 metros. O propulsor do R-21 utilizava o combustível à base de ácido nítrico IRFNA AK-271/TG-02. O AK-271 era uma mistura de 73 por cento de ácido nítrico e 27 por cento de tetróxido de nitrogênio, tendo como agente passivo, o iodo. Isso dava ao R-21, uma alcance de 1.400 quilômetros (o dobro do alcance das primeiras gerações de mísseis lançados submersos).
Estes mísseis substituíram os mísseis de primeira geração R-11 FM e R-13, transportados pelos submarinos classes 629 (Golf) e 658 (Hotel). Permaneceram em serviço até 1991.

2 – Sistema de Vigilância Sonora (SOund SUrveillance System) – SOSUS
SOSUS é o acrônimo de SOund SUrveillance System (Sistema de Vigilância Sonora). Este sistema teve seu desenvolvimento iniciado em 1949, pela US Navy (Marinha dos EUA). O sistema, cujo orçamento anual inicial era de 10 milhões de dólares, foi criado com arma anti-submarina. Consiste de diversas estações submarinas de captação sonora, que tem como finalidade detectar a presença de submarinos inimigos. Ao final da Segunda Guerra Mundial, a URSS criou uma enorme frota de submarinos (de propulsão diesel-elétrica). Estes motores, embora silenciosos, emitem ondas sonoras de baixa freqüência. O SOSUS tinha como alvo primário, a captação destas ondas e, com base nas triangulações de dados (cruzamento de dados enviados por cada uma destas bases de captação), seria possível determinar com bastante precisão, o posicionamento dos submarinos soviéticos. As bases SOSUS foram instaladas no Atlântico Norte, entre a Groenlândia, Islândia e Reino Unido. Também foram instaladas bases no Oceano Pacífico. A partir de 1973, o sistema SOSUS passou a fazer parte de um novo sistema de vigilância, o SURTASS, e mais recentemente, em 1996, passou a integrar o IUSS – Integrated Undersea Surveillance System (Sistema Integrado de Vigilância Submarina).
Em 1961, o SOSUS rastreou o USS George Washington (SSBN 598), durante sua viagem dos EUA ao Reino Unido. No ano seguinte, captou e rastreou o primeiro submarino convencional soviético. Em 1963, os EUA conseguiram determinar o local do naufrágio do USS Thresher (SSN 593) graças às captações do SOSUS. Em 1964, o SOSUS localizou um submarino soviético da classe Foxtrot, nas Bahamas, durante a Crise dos Mísseis de Cuba. Também em 1968, detectou e rastreou os primeiros submarinos soviéticos Victor e Charlie e em 1974, detectou o primeiro submarino classe Delta.
Embora não fosse capaz de determinar “milimetricamente” a posição do naufrágio, as triangulações do SOSUS, foram capazes de determinar a área em que o submarino estava, o que permitiu aos EUA, a ocasião perfeita para estudar a sua preciosa carga, os mísseis balísticos soviéticos SS-N-5.

3 – Operação Sand Dollar (Dólar de Areia) e o USS Halibut – SSGN-587
Em julho de 1968, após a URSS encerar suas buscas pelo K-129, a U.S. Navy deu início à "Operação Sand Dollar", enviando o submarino SSGN-587 (USS Halibut) de Pearl Harbor, para o local do naufrágio. O SSGN-587, havia sido equipado em 1965, com equipamentos para busca subaquáticas de grande profundidade, sendo em 1968, o único submarino do inventário dos EUA, adequado para efetuar a missão de encontrar e fotografar o naufrágio do K-129, numa região onde a profundidade ultrapassa os 4.000 metros.

Após três semanas de buscas, o USS Halibut finalmente localizou seu alvo (tempo bastante custo, se comparado aos 5 meses gastos pelos EUA, também em 1968, para localizar o USS Scorpion, afundado no Atlântico). Após localizar o submarino soviético, o USS Halibut passou algumas semanas fotografando de todas as maneiras, o seu alvo. O total ultrapassou as 20.000 fotos.
O feito do USS Halibut lhe rendeu em 1968, uma Citação Presidencial, assinada pelo então presidente Lyndon Johnson.
Em 1970, tomando como base estas fotografias, o Secretário de Defesa, Melvin Laird, e o Assessor para a Segurança Nacional, Henry Kissinger, propuseram ao Presidente da República, a criação de um plano clandestino, para recuperar o submarino, para que os EUA pudessem estudar a tecnologia soviética empregada nos mísseis e se possível, recuperar material criptografado. O presidente Nixon aceitou a proposta, entregando à CIA, a tarefa de recuperar a embarcação.

4 – Projeto JenniferJennifer” era o codinome do projeto criado pela CIA (Agencia Central de Inteligência dos EUA), para a recuperação do submarino soviético naufragado K-129. O “Projeto Jennifer” foi uma das mais complexas, caras e secretas operações de inteligência, ocorridas durante a Guerra Fria (o custo total estimado é de 800 milhões de dólares).
Por mais incrível que possa parecer, os Estados Unidos se viram obrigados a desenvolver tecnologias para garantir uma estabilização precisa dos equipamentos sobre o alvo, além é claro, do desenvolvimento de métodos para a preservação de papel, exposto por anos às águas marinhas. Estes métodos de preservação deveriam ser suficientemente eficientes, para possibilitar a recuperação e leitura dos livros de códigos soviéticos, sepultados junto com o submarino.

4.1 – O USNS Glomar Explorer (T-AG-193) / Hughes Glomar Explorer
A “Global Marine Development Inc.”, uma subsidiária da “Global Marine Inc.”, que por sua vez era uma das empresas pioneiras na exploração de águas profundas, foi contratada para projetar, construir e operar o “USNS Glomar Explorer”, um navio que seria construído especialmente para resgatar secretamente, o submarino soviético K-129, do fundo do mar.
A construção do navio teve início 1972, nos estaleiros da “Sun Shipbuilding”, na Pennsylvania. Para não levantar suspeitas, a CIA entrou em contato com o bilionário Howard Hughes (cujas companhias já haviam recebido diversos contratos para o desenvolvimento e fabricação de armamentos, equipamentos e satélites, para as forças armadas), que concordou em “emprestar” seu nome, para dar veracidade à historia que o navio iria realizar perfurações no leito oceânico, em busca de manganês, para exploração comercial.O fundo do casco do Glomar Explorer abria, a meia nau (a abertura tinha 18 metros de comprimento), dando acesso direto ao mar, por onde uma grande garra mecânica, desenvolvida pela Lockheed e chamada “Capture Vehicle – CV” (chamada carinhosamente de “Clementine” pela tripulação), era baixada, utilizando um sistema parecido com o utilizado para colocação de tubulações em poços de petróleo submarinos (seções tubulares rígidas, de 18 metros de comprimento cada, iam sendo acopladas à garra, uma a uma, até a garra chegar ao fundo do mar). Toda esta operação era feita a partir de uma doca interna, chamada “Piscina Lunar”, que era totalmente coberta, para evitar que o conteúdo da doca pudesse ser visto por outro navio, alguma aeronave ou mesmo satélites espiões.

4.2 – Resgate
O Hughes Glomar Explorer partiu, no dia 19 de junho de 1974, de Long Beach, na Califórnia, em direção ao local do resgate, onde chegou no dia 4 de julho. Chegando ao local do resgate, foram iniciados os preparativos para o resgate do submarino (a operação toda duraria mais de um mês).
Durante este período, pelo menos dois navios soviéticos “visitaram” o Glomar Explorer, o rebocador oceânico “SB-10″ e o Navio Soviético de Instrumentação de Alcance de Mísseis (em inglês: Soviet Missile Range Instrumentation Ship – SMRIS) “Chazma”.
Foram necessários dois dias de trabalho, para que a garra chegasse ao fundo do mar, a quase 5.000 metros de profundidade, quando em seguida, a garra se fecharia lentamente, com seu “Objeto Alvo” (Target Object – TO) em seu interior. Os reportes liberados, indicam que no dia 12 de agosto de 1974, quando o submarino soviético já havia sido erguido em quase 2.000 metros, a “Clementine” sofreu uma falha estrutural e o “Objeto Alvo” se partiu, afundando novamente em diversos pedaços. Somente uma pequena parte da seção dianteira, com aproximadamente 12 metros de comprimento, permaneceu no interior da garra, sendo içada à bordo do navio. Junto com a seção do submarino, os corpos de seis tripulantes soviéticos foram resgatados. Estes tripulantes receberam os atos fúnebres militares, sendo então sepultados no mar. A cerimônia foi filmada e, em 1992, o então diretor da CIA, Robert Gates, viajou à Moscou, onde entregou a bandeira resgatada do K-129 e uma cópia do filme (contendo a cerimônia de sepultamento dos tripulantes), ao então presidente russo, Bóris Yeltsin.

5 – Segredos Descobertos
No final de 1974, o repórter investigativo do “The New York Times”, Seymour Hersh, descobriu a história e planejava publicá-la. Como não podia deixar de ser, antes da publicação, o jornal procurou obter maiores detalhes que comprovassem a veracidade daquela fantástica história e, foi quando o governo dos EUA, com sua “diplomacia”, entrou em contato com o jornal, solicitando que a história não fosse publicada imediatamente, argumentando que a revelação da operação, poderia causar um incidente internacional. Tal argumento foi aceito, conforme Bill Kovach, então chefe do escritório do “The New York Times” em Washington, declararia em entrevista concedida em 2005.
O incidente internacional foi evitado, mas o “The New York Times” perdeu sua chance de publicar esta matéria com exclusividade. Em 1975, o “The Los Angeles Times” publicou a história. Entretanto, não se tem conhecimento das ações da URSS após tomar conhecimento do fato.

6 – Destruição de Provas
No dia 5 de junho de 1974, a sede das empresas de Howard Hughes, em Los Angeles, foi roubada e muitos documentos de Hughes desapareceram. Dez dias antes, o Procurador Especial da Justiça Federal dos EUA, Willian Turner, havia solicitado judicialmente, o recolhimento de toda documentação de Hughes, para examinar a participação do bilionário, através de uma de suas empresas, no chamado “Escândalo Watergate”. A investigação também buscava evidências do envolvimento de Hughes com o crime organizado.
Era sabido que Hughes mantinha em seu poder, cópias de todo o tipo de documento em que ele estivesse envolvimento. Alguns destes documentos, poderiam revelar casos de corrupção em todas as esferas políticas, uma vez que ele mantinha este arquivo pessoal, há mais de 40 anos. Embora Hughes não tenha participado “diretamente” da “Operação Jennifer”, o fato de ter “emprestado” seu nome, o ligou ao episódio. Os documentos jamais foram recuperados.

7 – Segredos Realmente Descobertos?
Em 2005, parte da documentação a respeito desta operação, foi “desclassificada”, ou seja, deixou de ser secreta e conseqüentemente liberada para acesso. A documentação liberada, dá conta que a garra mecânica, sofrera uma falha, rompendo-se, e com ela, grande parte do submarino, em pedaços, mergulhou novamente ao fundo do mar. Justamente por estar despedaçado, não foi possível recuperar mais nada.
Ocorre que em alguns aspectos, as informações não coincidem. De acordo com um engenheiro da Lockheed, que estava a bordo do Glomar Explorer, não foi recuperado nenhum míssil, nenhum livro de códigos ou decodificador, apenas dois torpedos nucleares. Já outros tripulantes, afirmam terem visto livros de códigos e outros materiais que despertaram grande interesse da CIA.
O sistema de içamento utilizado no Glomar Explorer foi desenvolvido pela empresa “Western Gerar Corporation, de Everett, Washington. Em seus relatos, os responsáveis citam que:
O K-129 havia se partido em duas partes principais, provavelmente no impacto, uma vez que as seções estavam muito próximas. A seção dianteira, de aproximadamente 41 metros de comprimento (136 pés) foi a designada como “Target Object”. O CV havia sido configurado para resgatar apenas uma das partes, não havia a intenção de se resgatar as duas partes, nem seria possível, devido à tensão no sistema do elevador.
Estas palavras nos dão mais uma evidência, de que a história ainda nos esconde muita coisa. As condições no local eram conhecidas, sabia-se que o submarino estava partido e que apenas uma das partes interessava. Certamente, numa operação de tal calibre, os sistemas e equipamentos, estariam preparados para operar em condições muito severas. Também era de se esperar, que os engenheiros, afim de garantir a “não falha” dos equipamentos, os tivessem projetado para suportar peso muito maior do que o previsto. Talvez, a história que o submarino foi içado inteiro e se rompeu durante o resgate, nada mais seja do que um despiste, para encobrir real operação, que era resgatar somente uma parte do submarino.

8 – Teorias
Desde 1975, quando a história foi revelada, diversas teorias a respeito deste fato foram criadas. Desde as mais simples, como uma falha mecânica, às mais conspiratórias, como a tentativa deliberada de disparar um míssil nuclear contra os EUA. O fato é que seja o que for, cada teoria encontra embasamento, mesmo que ínfimo, para se justificar.

8.1 – Ataque à Pearl Harbor
Kenneth Sewell, em seu livro “Red Star Rogue: The Untold Story of a Soviet Submarine’s Nuclear Strike Attempt on the U.S.” (2005), nos oferece diversas teorias e especulações a respeito do K-129. Uma destas teorias, é a que o submarino, estaria sob o comando direto da KGB, e que tinha como missão, lançar um míssil nuclear em Pearl Harbor. A tese é que a URSS, acusaria a China de lançar o míssil, na tentativa de provocar uma guerra nuclear entre EUA e URSS (vale lembrar que missões secretas deste tipo, certamente não seriam de conhecimento das “forças regulares”, apenas da KGB). O esperado, é que os EUA, enfurecidos com o ataque (denunciado pela URSS) iniciariam um ataque contra a China, que não teria como revidar um ataque maciço americano.
Tal tese, encontra apoio no seguinte:
As relações entre China e URSS se encontravam bastante deterioradas na década de 1960, que culminaria nos “combates” entre os dois exércitos, em 1969, que quase se transformou em guerra aberta. Documentos liberados com o final da URSS, dão conta que a nação tinha planos para uma guerra nuclear contra a China, da mesma maneira que os tinha com os EUA.
O submarino soviético afundou em um local totalmente fora da área onde a URSS esperava encontrá-lo. Tal fato colabora para que ele seja considerado como “rebelde”, e portanto, totalmente possível de tentar realizar um ataque “não programado”.
Quando os documentos a respeito da “Operação Jennifer” foram “desclassificados” em 2005, diversas das fotos se tornaram publicas. Nestas fotos se pode ver que o dano que teria resultado no naufrágio do K-129, se deu na parte posterior da vela, junto aos tubos lançadores dos mísseis. Ocorre que de um modo geral, os mísseis tem um sistema de segurança, para evitar o disparo “não autorizado”. Este sistema consistem em uma carga interna de explosivos, que é detonada, evitando o lançamento do míssil e o armamento da ogiva nuclear. Pela extensão dos danos, muitos especialistas afirmam, que houve uma tentativa “não autorizada” de lançar pelo menos um míssil.
O livro também “revela” que a Operação Jennifer foi totalmente bem sucedida e que os EUA se apoderaram de códigos e equipamentos de codificação, bem como do tão esperado míssil soviético.

8.2 Olho por Olho
Peter Huchthausen, Capitão reformado da Marinha dos Estados Unidos, é ex-Adido Naval dos EUA em Moscou. Em 1987, enquanto ainda era Adido Naval, teve uma breve conversa com alguns almirantes soviéticos, acerca do K-129. Ele relata que em determinado momento, o Almirante Peter Navojtsev, tomou a palavra de disse:
Capitão, você é muito jovem e inexperiente, mas você vai aprender que existem muitos assuntos, que nossas nações acordaram em não discutir. E um destes assuntos é a razão que nos levou a perder o K-129
Em 1995, quando então Peter Huchthausen, começou a trabalhar em um livro sobre a força submarina soviética, ele entrevistou pessoalmente o Almirante Victor Dygalo. Quando o assunto “K-129” foi abordado, o almirante lhe disse, que a verdadeira história do K-129 não havia sido revelada, por cauda de um acordo informal entre os comandos navais dos dois países (URSS e EUA). O propósito disto, disse ele, era encerrar qualquer trabalho acerca das perdas dos submarinos USS Scorpion e K-129. Além disto, o antigo almirante soviético teria dito:
Esqueça este assunto, e tenha esperanças que chegará o tempo em que a verdade será dita às famílias das vítimas."

9 – Conclusão
Como certo, podemos apenas afirmar que o submarino soviético K-129 teve uma curta carreira. Embora tenham sido liberados alguns documentos e imagens, a mais importante parte dos documentos permanece secreta, tanto nos EUA, quanto na Rússia.
As muitas perguntas sem resposta, provavelmente nunca serão respondidas em sua totalidade. Mediante o que pode ser apurado, é estranho por exemplo, que a URSS não tenha manifestado sua indignação, quando em 1975, a história foi publicada. Bastante provável por exemplo, que a Marinha Soviética, tenha modificado ou trocado seus códigos navais, mediante tão assustadora ameaça, de que seus códigos tenham sido descobertos e decifrados pelo inimigo. Também é muito estranho, que mesmo hoje, 20 anos depois do fim da URSS (e 35 anos depois de realizada a operação Jennifer), os EUA não tenham “desclassificado” os documentos a respeito do ocorrido.

Leituras relacionadas

- Deadlybirds
- Hughes Glomar Explorer
- K129 (Wikipedia)
- Navsource.org
- Produções Anômalas
- Projeto Jennifer (Wikipedia)
- Projeto Azorian
- USNS Glomar Explorer (Wikipedia)



Fonte: Reservaer
COMENTO: histórias ou estórias da Guerra Fria. O fato aconteceu, suas causas e conseqüências, talvez nunca venhamos a conhecer. Sobre o USS Scorpion, veja AQUI e no YOU TUBE.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O Novo Ataque da República dos Aloprados

por Guilherme Fiuza
A crise do dossiê que levou o pandemônio à campanha de Dilma Rousseff está sendo mal avaliada. O teor dos papéis que supostamente tentam incriminar a família de José Serra é o de menos. Como nos filmes de faroeste, o que importa nesse caso, mais do que o enredo, é a paisagem.
O cenário é conhecido. Como se sabe, Dilma não é Lula. Dilma é Dirceu. Foi ungida à Casa Civil por seu antecessor, acusado pela Procuradoria-Geral da República de chefiar o mensalão. Flagrado, cassado, proscrito, José Dirceu caiu em desgraça por causa daquela que o PT sempre considerou sua maior virtude: a gana de tomar o poder, e depois conquistar mais poder. A qualquer preço.
Trata-se de uma escola. E Dilma é discípula aplicada. Entranhar companheiros na máquina pública, torpedear adversários, conspirar — são suas especialidades. Não à toa, sua chefe de gabinete no ministério, apontada por testemunhas como a operadora do dossiê contra Fernando Henrique e Ruth Cardoso (o famoso "banco de dados"), é hoje ministra-chefe da Casa Civil.
O Brasil que assiste placidamente à afirmação dessa obscura cadeia de comando não pode estranhar mais um dossiê. Ou dois, ou três. A secretária da Receita Federal vem a público dizer que sofreu interferência de Dilma  a quem não era subordinada  em processo fiscal contra a família Sarney, e fica assim. O país esquece, e volta a ver a candidata de Lula como a "gestora" que precisa superar a falta de experiência política.
Experiência política é o que não falta a Dilma Rousseff. Se há uma coisa que ela passou a vida fazendo, é política. E o eleitorado não tem direito de dizer que não conhece seus métodos. O que mais seria preciso saber sobre uma pessoa que se faz passar por Norma Benguell, contrabandeando uma foto da atriz para seu site oficial? Se Dilma vira Norma numa passeata contra a ditadura, pode-se imaginar do que seja capaz para virar Lula.
Mas o Brasil não está nem aí. Surge a denúncia da preparação de um dossiê, dentro do comitê da candidata, contra seu adversário eleitoral, e Dilma some. Onde estaria ela? Também não é segredo: estava mergulhada numa reunião, no próprio comitê, com ninguém menos que José Dirceu — o político banido por suas ações na penumbra. É mais ou menos como reagir a uma acusação de adultério consolando-se com o amante.
Dilma é discípula aplicada da escola de entranhar companheiros na máquina pública, torpedear adversários, conspirar.
Tudo normal. Um dos "aloprados" de 2006  flagrado comprando um dossiê contra adversários do PT  já foi até preso por outro delito. Mas a mala de dinheiro para a negociata eleitoral sumiu na poeira da história. Por que mudar os métodos?
E vem o escárnio. Diante de questionamentos sobre a presença assídua de um empresário na mansão da campanha de Dilma em Brasília, o deputado petista Virgílio Guimarães esclarece: ele não tem nada a ver com a campanha, e "não é Marcos Valério". Ah, bom. Seja lá o que for, pelo menos está garantido um enredo novo na velha paisagem.
O tal empresário tem contratos com órgãos federais colocados sob suspeita pelo Tribunal de Contas da União. Aparentemente, o governo Lula continua sendo um pai para os amigos que entram sem bater nas mansões do PT. Resta saber se cada amigo desses também está se tornando um pai para o grupo político de Lula — como foi o saudoso Valério.
Isso tudo seria problema deles se o dinheiro em questão não fosse seu. E se neste momento os gastos públicos do governo Lula não estivessem batendo seus próprios recordes, alcançando 18,6% do PIB. Mas, num contexto em que José Dirceu preside a campanha sucessória e se habilita a homem forte de um governo Dilma — numa boa —, quem vai prestar atenção nesse varejo enfadonho de contratos estranhos?
De qualquer forma, se esse enredo de dossiês e arranjos subterrâneos começar a pegar mal, já se sabe de quem será a culpa: desses aloprados que insistem em orbitar em torno do governo popular.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Esta Farsa Chamada "Democracia Brasileira"

.
(Como também repudio o "pastelão democrático" previsto para outubro,
"socializei" a imagem acima do "
Comunismo Nunca Mais")
Todo ano de eleição, políticos e intelectuais falam desta gloriosa Democracia. Hoje, (26/4/10) no "Estado de São Paulo", Fabio Giambiagi, o famoso economista e colunista do jornal, escreve "em primeiro lugar, a democracia vai se consolidando cada vez mais".
E os jovens brasileiros acreditam. Vamos aos fatos.
1. Nossa democracia tem sido eleger o menos pior.
Não estou falando de 2010, estou falando de quase todas as eleições. Por quê? Porque não temos primárias, nem prévias dentro dos partidos.
Quem escolheu a Dilma? Lula. Quem escolheu o Serra para ser o candidato do PSDB? O próprio Serra, perguntem ao Aécio.
Para que se filiar a um partido, se você sequer terá o direito de escolher aquele que você vai se esforçar em eleger. Começa por aí. Não foi uma comitiva, o diretório do partido, muito menos os membros e filiados dos partidos, como nos EEUU.
Pior. Quais foram os critérios de escolha? Ser bom de voto? Nenhum dos dois são bons de voto no sentido clássico da palavra. Se fossem, não precisaríamos de marketeiros e consultores eleitorais.
2. Uma vez eleito, o candidato não pode escolher os Ministros que quer, nem são do partido eleito.
Isto é democracia se consolidando Prof. Giambiagi? Acorda Professor!
FHC não teve 34 Ministros do PSDB, conseguiu indicar somente três, todos seus amigos, que foram o Malan na Fazenda, o Paulo Renato na Educação, e o Serra na Saúde. "E o Serra não me obedece".
O partido eleito, para ter o poder de "mudar o país", que a rigor cabe ao Legislativo, sempre cooptou o Legislativo dando-lhes cargos no Executivo.
Uma aberração democrática que Giambiagi sequer menciona. Elegemos o PSDB, ou o PT, para que indiquem administradores competentes e alinhados com as promessas do partido, em todos os Ministérios, e não saírem loteando estatais, cargos e Ministérios para fazer "composição" com os outros partidos.
"Mas se for assim, não se governa". Mentira, governa-se sim, mas com as leis existentes. E, há muito ainda para se fazer com as leis existentes, o governo não sai tão prejudicado assim se não fizer nenhuma lei adicional.
3. Indicar amigo de "confiança" não é Democracia.
Indicar pessoas sem qualificação administrativa não é Democracia. Eu não vou votar em um Partido que coloca em "cargos de confiança", amigos de confiança.
Já escrevi na Veja que todos os cargos nas empresas são cargos de "desconfiança".
Nós, administradores, colocamos os melhores profissionais mesmo não os conhecendo, e colocamos auditores internos, externos e sistemas de segurança para não sermos pegos de surpresa.
Nem sempre isto funciona, mas tente despedir um amigo que se mostra incompetente que você conhece há 20 anos. 
4. Numa verdadeira Democracia, um governo de quatro anos não pode criar uma dívida a ser paga nos próximos 40 anos.
Isto negaria a Democracia para os 36 anos de governos seguintes. No limite, estes governos farão nada mais do que pagar as dívidas dos anteriores.
FHC lançou o Brasil 2040, com enorme cobertura favorável da imprensa econômica. Mostra, de fato, uma confiança do investidor nunca vista, mas o que isto significa para a Democracia?
Podem os economistas bem intencionados de um governo, endividar os economistas dos próximos dez governos? Claro que não!
Mas, Giambiagi sequer comenta esta distorção democrática. Pior, isto faz parte da democracia de todos os economistas que foram conduzidos ao poder deste país, porque todos fizeram justamente isto.
Administradores também fazem isto nas empresas de capital aberto, nas compras a prazo de máquinas, mas a "administração" seguinte normalmente pode vender as máquinas, desfazendo a operação anterior. Quais são as "máquinas" que podem ser vendidas no Brasil 2040? Nem máquinas têm, o dinheiro nem pode ser rastreado a seu destino final, uma despesa provavelmente.
Numa Democracia, com D maiúsculo, um governo eleito tem um MANDATO DE SOMENTE QUATRO ANOS, e não de 40 anos.
Numa Democracia, Prof. Giambiagi, todas as dívidas governamentais precisam ser pagas até o ultimo dia do mandato, ou seja, dívida ZERO.
Eu sei que isto é duro, difícil, complica a vida dos economistas no poder. Mas por outro lado, não teríamos dívidas externas impagáveis em governos seguintes, dívidas internas colossais, juros colossais como hoje, nada do que nos atrasou nestes últimos 500 anos.
Você caro leitor, acha correto que um governo eleito para o mandato de quatro anos, possa criar dívidas externas e internas que os próximos governos eleitos pelo povo terão que pagar? Isto é democrático?
Por que esta questão jamais foi aventada pela mídia brasileira, que por sinal, sofreu tanto quanto todos nós os juros altos destas dívidas impagáveis contraídas pelos governos anteriores? Com a palavra nossos jornalistas econômicos.
Fonte: Blog do Stephen Kanitz,
COMENTO: A falha da nossa democracia está no sistema que já nos oferece os "elegíveis" previamente definidos pelas quadrilhas, ops, partidos! As opções oferecidas, são sempre similares ao já existente nos cargos executivos e legislativos.
Em todos os sufrágios, quem não for "do esquema", só entra para dar ares de legalidade à pantomima previamente acertada nas cúpulas partidárias e para, iludido, servir como "catador de votos" para formar o quociente eleitoral necessário para eleger os candidatos "da diretoria", ou seja, os "de sempre" — os mais famosos (jogadores de futebol, artistas da TV, sindicalistas profissionais, etc).
O Brasil precisa, com urgência, adotar o voto distrital, mas as quadrilhas nunca permitirão essa verdadeira renovação!