domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Aqüífero Guarani e a Necessidade de Regulação Ambiental no Âmbito da América do Sul

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por Margarita Ieong Cantalapiedra
Imagem:  Globo Rural
Ao analisar o tema meio ambiente é necessário levar em conta sua relevância e o fato de que qualquer ação tomada afeta diretamente a vida de cada ser humano.
Atualmente, levar adiante a ideia de desenvolvimento sustentável é indispensável para que as gerações futuras tenham condições de sobreviver.
Um estilo de vida conectado 24 horas por dia à tecnologia e ao consumo exacerbado não pode ser mantido indefinidamente porque os recursos naturais são limitados, e, portanto, é preciso respeitar primordialmente sua capacidade de renovação.
Hoje a relação entre meio ambiente e as relações internacionais é bastante clara. Essa realidade, porém, é relativamente recente (30 décadas aproximadamente).
Ela veio à tona quando os efeitos do aquecimento global atravessaram as fronteiras nacionais afetando lugares e pessoas fora dos territórios de onde os danos se originaram.
Por isso, descobriu-se não ser mais razoável manter o tratamento de questões sobre os efeitos do aquecimento global dentro das esferas nacionais e sim, levá-las ao âmbito internacional tendo como objetivo cooperação e esforços entre os países.
O Aquífero Guarani é um reservatório de água subterrânea que percorre quatro países da América do Sul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Sua extensão total é de 1.200.000 km², sendo que o Brasil compreende sua maior parte, 839.800 km², e Argentina, Uruguai e Paraguai, respectivamente, 225.000 km², 58.000 km² e 71.700 km². Tido como um dos maiores do planeta foi descoberto na década de 1950 na cidade de Botucatu, interior de São Paulo.
O nome Aquífero Guarani foi dado em 1996, na primeira reunião que pretendia definir a política em relação ao recurso, em homenagem à nação Guarani, tribo indígena que habitava a região no período colonial.
No Brasil, as águas subterrâneas compreendem oito estados (Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso), estas inclusive já são amplamente utilizadas, tanto para fins agrícolas, urbanos, industriais ou turísticos.
Em território brasileiro esse uso aumenta gradativamente, e em algumas regiões de intensa atividade industrial, como Ribeirão Preto, já há indícios de poluição desses mananciais. 
O Aquífero Guarani é um bem de valor incalculável num momento em que água doce torna-se cada vez mais escassa.
As águas subterrâneas apresentam melhor qualidade do que as superficiais podem ser consumidas sem tratamento e sua contaminação por bactérias, exatamente por sua localização, torna-se mais difícil.
Além disso, a contaminação em águas superficiais ocorre de modo mais rápido. Por outro lado, a contaminação de águas subterrâneas é mais difícil de detectar.
É imprescindível que uma gestão do recurso visando sua exploração sustentável e consciente seja posta em prática. Para que o Aquífero seja devidamente explorado é necessário estudo mais aprofundado sobre seus componentes e capacidade de renovação.
Portanto, os quatro países beneficiados precisam chegar a um acordo comum o mais rápido possível, já que têm em suas mãos um dos maiores reservatórios de água doce do mundo, bem que cada vez mais é foco de conflitos e disputas territoriais.
A necessidade de se aprofundar os estudos sobre sua capacidade hídrica e componentes é intrínseca na elaboração de uma gestão sustentável que seja de comum aos quatro países envolvidos.
Sua dimensão, porém, pode causar conflitos entre os mesmos. O território uruguaio tem grande parte de sua extensão tomada pelo aquífero, o que o torna bem mais pró-ativo na construção de uma política integrada, que inclusive crie punições para qualquer dano causado às águas subterrâneas.
Um ponto-chave é que não se sabe se as águas são contínuas e atravessam as fronteiras dos países, o que, no caso de poluição em um ponto significaria dano para toda sua extensão.
Esse aspecto somente reforça a necessidade de se dar atenção especial ao Aquífero Guarani, levantar estudos e pesquisas sobre o tema, e levar adiante projeto de proteção e uso sustentável do recurso.
Referências Bibliográficas
- BRIGAGÃO, Clóvis, e, M. A. RODRIGUES, Gilberto. Globalização a olho nu: O mundo conectado. cap. 8, p. 96 a 110, São Paulo, Editora Moderna, 1998
- BRIGAGÃO, Clóvis. Inteligência e Marketing: O caso SIVAM. Rio de Janeiro, Editora Record, 1996
- BRIGAGÃO, Clóvis. Margens do Brasil. Rio de Janeiro, Editora Topbooks, 1995
- HIRATA, Ricardo. Recursos Hídricos subterrâneos: caminhos para a sustentabilidade de um recurso estratégico. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo
- SOARES, João Clemente Baena. Água – O Aqüífero Guarani. Carta Mensal, v.52, n.616, Julho 2006.
Margarita Ieong Cantalapiedra é graduanda
 na Universidade Candido Mendes e
membro do Grupo de Análise e Prevenção de Conflitos
(Gapcon).
Fonte:  InfoRel

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