sábado, 5 de setembro de 2009

Patrimonialismo – Paternalismo – Estatismo – Personalismo

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Um povo desassistido de educação e de consciência cívica; que proliferou, vegetativamente, sob o jugo de imperadores, capitães hereditários e oligarcas regionais; que se rendeu às migalhas dos poderosos sem escrúpulos e, deles, ficou cativo; que, nas zonas rurais e urbanas, nas igrejas e universidades, nos programas radiofônicos e televisivos, nos sindicatos e nos parlamentos, viu, ouviu e cultuou falsos líderes, pseudo-intelectuais, atores, artistas e cantores, repisadores, muitos, de ideologias defuntas, utopias esquecidas e conceitos fossilizados; que, gradativamente, pela falta de exemplos dignificantes, foi subvertendo a tábua de valores morais, distorcendo princípios e sendo leniente com a corrupção e a mentira; que elegeu e reelegeu incapazes, demagogos e oportunistas; que acreditou em “salvadores e pais da Pátria”, assimilando slogans, refrões e palavras de ordem: “Nele, em se plantando, tudo dá!”“O Imperador é vassalo do povo!” “Independência ou morte!”“A República é do Povo!” “Trabalhadores do Brasil!” “50 anos em cinco!”“O Homem da Vassoura!” “Queremos democracia!”“Diretas Já!”“O Cruzado sepultará a ganância!” “Constituição Cidadã!” “O Caçador de Marajás!” e ... por fim, “Não tenha medo de ser feliz!”.
Para a maior parte de um povo assim, pensar é um desvario; a dignidade, é uma irreverência; a justiça, é uma utopia; a sinceridade, é uma tolice; a honestidade, é uma imprudência; a paixão por um ideal, é uma ingenuidade; a virtude é uma estupidez! Que esperar de um povo que afasta o talento e se projeta no medíocre? Que sempre confia em promessas que sabe não serão cumpridas? Que, depois de cinco séculos, somente ostenta duas dinâmicas associativas nacionais espontâneas: O Carnaval e a Copa do Mundo?
Esmagada pela dureza da vida, a alma se anula na multidão débil... e segue o rebanho.
Rotinizou-se a propina, a picaretagem, a pilhagem do erário, o nepotismo, o compadrio, a quadrilhagem impune, a desfaçatez irônica e arrogante, os pugilatos eleitorais enfadonhos, a culpabilização dos antecessores, a apropriação de conquistas alheias, o exaltar dos próprios egos, o desprezo pela ética na gestão pública, a multiplicação das favelas e das sementeiras dos (as) meninos (as) de rua, o trabalho infantil desumano, a insegurança, o crime organizado desafiando a autoridade, os assaltos, os latrocínios, os seqüestros, os estupros, a pedofilia, os ataques incendiários, a traficância de armas e entorpecentes, a defesa dos direitos humanos de delinqüentes ( o que é justo) e o esquecimento dos mesmos direitos dos cidadãos corretos (o que é injusto), tudo sob os olhares impotentes das autoridades constituídas, municipais, estaduais e federais, que se isentam das respectivas responsabilidades se acusando reciprocamente.
O alerta foi dado há décadas, mas os ouvidos permaneceram moucos!
Muitos dos milhões de brasileiros (as) honestos (as), dignos (as) e laboriosos (as), estão chegando ao desânimo, ao descrédito e, como disse o gênio pátrio: “a ter vergonha de ser honesto (a)”.
Há esperança de uma nação futura, melhor e mais justa, para os nossos filhos, netos e bisnetos? Ao menos isso, há? Em recentíssimo relatório da UNESCO, o Brasil ficou entre os piores do mundo na área de educação infantil, somente à frente do Nepal, do Anguila caribenho e de 12 países da África subsaariana, esta, a região mais miserável do planeta...
Que cada brasileiro (a) reflita e tire a sua própria conclusão.
Prof. Benedicto Moreira
OAB – PR 15.786

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