terça-feira, 19 de maio de 2009

Velho Bolchevique Nobel se Preocupa com Honradez

por Janer Cristaldo
José Saramago, velho bolche e prêmio Nobel de Literatura, não perde oportunidade de atacar o Grande Satã americano. Em artigo para a Folha de São Paulo, chegou a defender os terroristas que explodiram as torres do World Trade Center e os atentados suicidas palestinos. Em janeiro de 2005, no Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre, dizia estar mais do que na hora de romper com essa falsa questão que coloca a democracia como “santa de altar”. É em nome dela que os Estados Unidos fazem a guerra, por exemplo, ou que o capital financeiro governa o mundo. "Não foram os povos que decidiram isso. Então, que democracia é essa?", inquiria então o escritor português.
Para o Nobel luso, a democracia há tempos foi seqüestrada e amputada pelo capital financeiro que governa o mundo. Leia-se Estados Unidos. Claro que jamais foi seqüestrada ou amputada pelas repúblicas democráticas soviéticas. A atual gripe suína, para o escritor comunista, só pode ser decorrência do capitalismo. Sem citar o autor (Mike Davis, do The Guardian), Saramago repete, em artigo publicado em seu blog e difundido em espanhol na Web:
Em 1965, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de porcos espalhados entre mais de um milhão de granjas. Hoje, 65 milhões de porcos concentram-se em 65 mil instalações. Isso significou passar das antiquadas pocilgas a gigantescos infernos fecais nos quais, entre esterco e sob um calor sufocante, prontos a intercambiar agentes patógenos à velocidade de um raio, amontoam-se dezenas de milhares de animais com sistemas imunológicos muito debilitados”.
(Em nota ao pé do artigo, o blogueiro Nobel reconhece não ter ficado convenientemente reconhecido o trabalho de Mike Davis. Como quer que seja, José Saramago está consciente de que deve desculpas a Mike Davis. Espera que elas lhe sejam aceites”).
Não se tem ainda nenhuma evidência das origens do vírus e os Estados Unidos já são culpados de uma gripe que surgiu ... no México. A partir de um boato que circula na Internet, a de que o epicentro da gripe teria sido situado em uma gigantesca filial da Smithfield Farms, no Estado de Veracruz, Saramago faz uma dramática pergunta:
— Como se observa, os contágios são muito mais complicados que entrar um vírus presumivelmente mortal nos pulmões de um cidadão apanhado na teia dos interesses materiais e da falta de escrúpulos das grandes empresas. Tudo está contagiando tudo. A primeira morte, há longo tempo, foi a da honradez. Mas poderá, realmente, pedir-se honradez a uma transnacional? Quem nos acode?
De fato, a honradez morreu já faz bastante tempo. A meu ver, no início do século passado, quando intelectuais do mundo todo aderiram entusiasticamente à mais sangrenta mentira contemporânea, o comunismo. Saramago foi um deles. Hoje, condena com verve os Estados Unidos pelo surgimento de um vírus que ainda ninguém sabe como surgiu.
Curiosamente, dele não ouvimos uma palavrinha sequer contra o desastre soviético de Chernobyl, em 1986, que até hoje continua fazendo mortos. Tampouco o ouvimos comentar um dos grandes feitos da gloriosa revolução soviética, a destruição de nada menos que um mar, o de Aral, para beneficiar a produção de algodão na Ásia Central. Muito menos contra os cem milhões de cadáveres que sua ideologia produziu ao longo do século.
O velho bolche só acha que a honradez se perdeu com a morte de alguns gatos pingados por uma gripe pintada pela imprensa como pandemia, mas, ao que tudo indica, não passa de mais uma gripe.

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