sábado, 9 de maio de 2009

O Assalto no QG do Exército

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O Assalto no QG do Exército ou a Apoteose do Desrespeito
Com o moral ao rés do chão e com o orgulho em frangalhos, doravante, aproveitando a onda da gripe suína, aconselhamos aos militares a utilizarem à guisa de precaução contra o vírus mexicano, mas, ainda, para encobrir a face enrubescida, a máscara cirúrgica. O subterfúgio nos parece apropriado para escondermos o rosto da vergonha ao saber que uma dupla de reles assaltantes assaltou um banco sediado no Quartel-General do Exército.
Após o triste evento, que caracteriza uma inimaginável afronta aos militares e uma monumental descrença no seu treinamento e no seu preparo profissional, além de um infame descaso e uma descabida afronta para com a Instituição, e contra tudo aquilo que ela deveria representar.
A inconcebível audácia nos permite uma cristalina leitura da ocorrência, cujas raízes, mais profundas, vêm germinando e florescendo há alguns anos.
O destempero ocorreu no rastro da falta de consideração para com as coisas da caserna que, infelizmente, alguns militares vêm construindo com desusado labor nas últimas décadas. Entendamos que a dupla de assaltantes teve o atrevimento de assaltar uma instalação militar pretensamente super vigiada e protegida e, cujas vias de acesso poderiam ser total e facilmente bloqueadas em curto espaço de tempo. No entanto, a reles e pífia dupla de marginais atreveu-se, descaradamente, a planejar e executar seu tosco plano. E o pior, certamente, a dupla esperava escapar, como escapou, até o momento presente.
Assombra-nos, além da petulância, uma atitude ou a falta dela, que resume o nosso pesar, o DESRESPEITO da dupla de meliantes para com uma entidade, instituição ou qualquer órgão de repressão que possui na sua essência a força como instrumento de emprego e ação.
Contudo, o ridículo para não qualificar de lamentável evento, tem suas raízes numa espiral de permissividade, passividade e impunidade consentidas que se arrastaram ao longo dos últimos anos, e que alimentaram um flagrante clima de desdém em relação à Instituição. Ao olharmos para o passado, fica difícil precisar quando tudo começou. Seria, durante os "anos de chumbo", que de "duros" só tiveram o nome? Aparentemente, não. Seria, quando simples sanções disciplinares passaram a ser arbitradas pela justiça comum? Seria, quando o Adido Militar no Reino Unido foi sumariamente afastado por clamor da "esquerdalha"? Seria pelo descaso da Instituição em relação aos militares que cumpriram sua missão e hoje são perseguidos e tachados de torturadores? Ou, seria pela falta de pudor em cobrir de méritos e medalhas conhecidos detratores e mesmo antigos terroristas? E o abandono do Tenente Vinicius, aquele do Morro da Providência? Quem sabe, seria a busca das ossadas dos mortos na Guerrilha do Araguaia, apenas para satisfazer o ego do "espaçoso" Jobim? Afinal, são tantas emoções.
Por certo, vasculhando o passado, saltarão aos nossos olhos um turbilhão de atos e fatos que pavimentaram o caminho para o último (é melhor chamar de penúltimo, pois não sabemos o que nos aguarda no futuro) assalto, para o recente roubo dos sete fuzis, para o lançamento de livros e memoriais, monumentos e edificações que flagrantemente agrediram e agridem a dignidade da Força Terrestre.
Todavia, sendo a esperança a última que morre, confiamos nas medidas que serão adotadas e que breve, a dupla de descarados seja, definitivamente, encarcerada pela fulminante atuação da Instituição.
Finalmente, concluímos, desgraça pouca é bobagem.
Brasília, DF, 08 de maio de 2009
Gen. Bda RI Valmir Fonseca Azevedo Pereira

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