domingo, 5 de abril de 2009

Caros Amigos

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Caros amigos,
Hoje, ao caminhar na Beira-Mar, fui cobrado por não ter participado das comemorações de aniversário da Revolução de 31 Mar 64.
Não sei porquê, veio-me à lembrança de quando morava em Teerã, tínhamos, eu e minha mulher, que usar disfarce, entrar em buraco de muro para assistir uma missa celebrada por padre alemão. Era uma sensação de ser meliante diante da sociedade local.
A última vez em que compareci às solenidades de nossa gloriosa Revolução, não havia, sequer, um militar da ativa fardado. O Corneteiro estava em trajes civis.
Pensei em mandá-lo de volta ao seu Quartel mas, coitado, estava cumprindo ordens do seu Comandante.
Meu sentimento era o mesmo passado em Teerã, de que estava fazendo algo de errado.
Quando comandava o 23ºBC, não sei porque, o Exmo Sr Gen Div Torres de Melo foi preso no QG/10. Fui visitá-lo, mas como ele ocupava dependências do Cmdo, fui obrigado a falar com o então Cmt da 10ª RM: " Cel Castelo, não fica bem o Sr, como Cmt de OM, visitar o preso". Sr Gen, por favor, transmita ao Gen Torres de Melo que estive aquí como amigo, infante e Comandante.
Esses dois acontecimentos justificam minha ausência permanente e duradoura. 
Recuso-me a participar de eventos em que sinto presente a covardia de companheiros de farda, o medo de serem prejudicados, como se comemorar o 31 Mar 64 seja pecado, atentado à imoralidade vigente ou a concordância com atividades que mudaram o futuro deste País e o colocaram como a 8ª economia mundial na época.
Lamento e desprezo a todos os fardados que se recusam a participar de tais homenagens mas que servem de moldura para homenagear os bandidos de hoje e conceder-lhes honrarias.
Paulo Cesar Romero Castelo Branco, Cel Inf QEMA Refo.
Fonte:   A Continência

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