quarta-feira, 18 de março de 2009

A Luz se Apagou

Adriana Vandoni
Os médicos confirmaram na tarde desta terça-feira a morte cerebral de Clodovil, aos 71 anos, vítima de um derrame cerebral. A família autorizou a doação de seus órgãos.
De personalidade polêmica, Clodovil fez a diferença por todos os lugares que passou e em todas as atividades que exerceu. Quer seja como costureiro, apresentador de TV e agora por último como deputado federal. Irreverente, sincero além da medida, arrumou alguns bons desafetos com a sua língua afiada.
O jargão usado tempos atrás em uma novela da Globo, “cada mergulho é um flash”, bem que poderia ter sido cunhado para Clodovil: “cada comentário é um flash”.
No começo da carreira, na Rádio Pan-americana criticou as roupas da então primeira-dama, Iolanda Costa e Silva. Chamou Marta Suplicy de perua inculta, inútil e desocupada. Sua última desavença foi com a deputada Cida Diogo, do PT, por ter dito que ela é feia. Aliás, essa briga fez um tremendo bem para a deputada. Até chapinha ela anda fazendo.
Clodovil parece ter estranhado o ambiente do Congresso, claro, aquilo não é para os sinceros. Sua sinceridade não combinava com a hipocrisia do parlamento brasileiro. Na semana passada, depois de intensa briga na justiça, o TSE o absolveu da acusação de infidelidade partidária movida pelo PTC, partido pelo qual se elegeu como o terceiro mais bem votado deputado federal por São Paulo.
Apesar da acidez crítica, por muitos não compreendida, era uma pessoa do bem, tinha luz própria e a capacidade de se reinventar. Essa sua luz, quase ofuscada pela imensidão sombria do Congresso, apagou-se agora pra sempre.
citado na Coluna do Claudio Humberto
COMENTO: pode haver muita gente que não gostasse do falecido deputado, porém ninguém pode negar que ele era autêntico em seus gestos e palavras. Não lembro de algum incidente em que ele tentasse simular agrado para com alguém que lhe desagradasse ou em que ele tentasse parecer o que não era.

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