segunda-feira, 16 de junho de 2008

Ciclos Que se Renovam

por Daltro Wesp
Na construção da nacionalidade brasileira e principalmente na fixação das fronteiras no Sul do Brasil, os movimentos militares sempre tiveram papel de vanguarda. Nos primórdios do descobrimento, os portugueses instalavam fortificações e efetivos de defesa do território frente à ousadia ocupacionista da França, Holanda e Espanha. Os militares conquistaram e delimitaram nossas vastas fronteiras. Muitas vezes não eram militares de carreira, mas pessoas que compunham temporariamente as Forças Armadas. Esta trajetória é coroada de atitudes corajosas, desprendidas de muitos sentimentos que hoje sequer podemos imaginar. Os homens daquela época doavam a vida pelas causas e os bens materiais. Levavam os filhos nas expedições, a família, os amigos, num rumo que muitas vezes não prenunciava volta.

Registros
As primeiras expedições exploradoras, colonizadoras, da instalação dos governos gerais, dos vice-reinados, as Entradas, as Bandeiras, a fixação dos marcos derivados dos tratados entre as duas coroas da Península Ibérica, a descoberta do ouro, as missões religiosas de catequização, o cumprimento das determinações do rei português, o movimento dos tropeiros, foram empreendimentos pela costa e interior do Brasil que sempre se fizeram acompanhar de efetivos militares. As armas da época faziam parte dos instrumentos a serem transportados. É inegável que a visão militar de ocupar para assegurar o território para a coroa portuguesa é fato significativo no processo da construção da história brasileira.

Século 19 e 20
No início do século 19, enquanto os vice-reinados espanhóis na América se conflagravam em lutas fraticidas, o império português e posteriormente brasileiro, consolidava pacífica e diplomaticamente a unidade do território nacional. Após a independência, a espada de Caxias pacificou o Maranhão, o Pará, a Bahia e o Rio Grande do Sul.
Os conflitos com o Uruguai e Argentina e posteriormente com o Paraguai, também foram resolvidos no emprego da arte militar. Após a guerra maldita, a questão militar, o golpe da Proclamação da República, a Revolta da Armada, a Revolução Federalista, Canudos, a Revolta dos 18 do Forte, a Coluna Prestes, a Revolução de 23 no Rio Grande do Sul, a Pacificação de 27, a Revolução de 30, 32, a Intentona de 35, o Integralismo de 37, o Estado Novo, a participação na Segunda Guerra Mundial, as candidaturas militares de Eduardo Gomes, Eurico Dutra, Henrique Lotti, a deposição de Café Filho, a Revolta dos Sargentos, a Legalidade, a Redentora de 1964, são alguns dos episódios que contemplam a participação dos militares na formação do Brasil.

Desgaste
Quem viveu o período do início dos governos militares sabe muito bem o quanto à sociedade brasileira apoiou-os, até o ano de 1973. Daí em diante, a oposição se fortaleceu nas urnas, principalmente como decorrência da redução do crescimento econômico, aumento da inflação, das dívidas interna e externa, em vista da guerra dos seis dias entre Israel e a comunidade árabe, que elevou o preço do petróleo no mercado internacional e desestabilizou a economia mundial, dentre as quais a brasileira. A partir de 1973, se fortalece o discurso de oposição e enfraquece o apoio ao regime militar e o conceito destes perante a opinião pública.

Propaganda odiosa e mentirosa
Já faz muito tempo que vivemos um ciclo cultural da dualidade, que parece estar findando. Até nos livros de história do ensino público atuais, os militares são escrachados, enquanto os seguidores do comunismo internacional que queriam implantar uma ditadura totalitária no Brasil são mostrados como os grandes defensores da democracia. Esta propaganda de massa criou uma grande mentira.

Ventos novos
Pela primeira vez, nos últimos 30 anos, uma pesquisa de opinião pública mostra as Forças Armadas como a instituição mais confiável no Brasil. O trabalho foi executado pela Associação dos Magistrados Brasileiros, com 1.500 maiores de 18 anos, de todas as regiões do país, entre 29 de maio e 02 de junho. As Câmaras de Vereadores e dos Deputados são instituições vistas por 68% dos brasileiros entrevistados, como não confiáveis. Quem diria!
Os detratores estão na rabeira e os detratados, no pleno gozo da simpatia do povo brasileiro. Prestes deve estar se retorcendo e Castelo Branco, rindo.
Fonte:  Jornal O Nacional - 13 Jun 08
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