segunda-feira, 9 de junho de 2008

Chamem Fernandinho Beira-Mar

Por Márcio Accioly
No dia 16/09/04, o deputado Benício Tavares, presidente da Câmara Distrital do DF, estava a bordo do iate Amazonian (que tem 25m de comprimento), em companhia de 15 políticos e empresários de Brasília e São Paulo. O grupo deveria navegar rio Negro acima, a fim de participar de suposta pescaria no município de Barcelos (AM).
Na realidade, a viagem era outra: sua excelência e companheiros participariam de orgia sexual em que as principais coadjuvantes seriam menores de idade, meninas pobres da região amazonense. Comida por sexo, troca mais do que “justa”, ou não?
Segundo depoimento de menores que participaram da bacanal (e que reconheceram o presidente da Câmara através de fotografias), Benício teve relação com pelo menos duas delas, pagando R$ 500 a cada uma.
Em Brasília, o MP moveu ação contra o deputado, provocando instauração de processo penal pelo TJDF. Nunca mais se ouviu falar no assunto e é como se o caso jamais tivesse acontecido. Benício está agora em seu quinto mandato consecutivo e a decisão a respeito da gravíssima questão jamais foi publicada no Diário da Justiça.
A única penalidade até agora sofrida por ele, num país onde a maioria dos mandatos é comprada, foi ter sido rejeitado para administrador da Ceilândia (cidade satélite de Brasília), em indicação efetuada pelo governador José Roberto Arruda (DEM).
A população manifestou-se contra, lavando inclusive a entrada da administração da cidade. Diante disso, Arruda recuou. O governador, por sinal, é o mesmo que renunciou ao mandato de senador com o seu par e parelha, ACM (DEM-BA), por terem violado o painel do Senado na votação secreta que cassou Luiz Estêvão (PMDB-DF).
Pois eis que, agora, temos novo caso de pedofilia, envolvendo o procurador-geral de Roraima, Luciano Queiroz, flagrado em filmes, gravações e fotos, em denúncia que envolve empresários daquele estado.
Se tivesse acontecido nos EUA, os envolvidos penariam anos e anos na prisão. Basta ver os padres da igreja católica condenados a décadas de regime fechado, além de obrigados a indenizações milionárias que minam os cofres daquela instituição. No Brasil, quantos dias ficarão na cadeia? Cinco ou dez dias? Não existem sequer presídios.
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, a paulistana Yeda Crusius (PSDB) que governa o estado, revela ineficiência e inoperância numa gestão que se dilui em acusações de roubos e bandalheiras dignas de um Fernandinho Beira-Mar. O PSDB deveria exibir em rede nacional, no horário gratuito, como funcionam suas gestões.
Começaria mostrando denúncias de negociatas desde a gestão do governador (SP), Mário Covas (1995-2001), a quem a Rede Globo colocou num altar e transformou em santo depois de morto. Exporia falcatruas do metrô e da Alstom francesa.
Sem esquecer de passar pelos cartões corporativos que financiaram milhares de reais de despesas do então presidente, FHC (1995-2003), pagando contas do filho que teve com a jornalista Mirian Dutra e um outro com a cozinheira do ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Sem esquecer a “privatização” com dinheiro público.
No arremate, forneceria detalhes do acordo efetuado com o PT, visando acabar a CPI dos Cartões Corporativos, limpando a lama colocada em cima dos esclarecimentos que todo o respeitável público contribuinte que paga a conta das imundícies aguarda.
Agora, só falta o deputado federal Paulinho (PDT-SP), Força Sindical, ser absolvido pelo plenário da Câmara dos Deputados no processo aberto para apurar desvios praticados nos recursos financeiros do BNDES. O país mergulhou no cocô.
Márcio Accioly é Jornalista.
Fonte:  Alerta Total

2 comentários:

MARISCO disse...

Discuti-se muito a causa indígena. Quem menos é ouvido é o índio. No entanto, me parece que a elite, em algum momento, produziu algo de interessante: o Projeto Calha Norte. Realmente vale a pena?
Por onde anda esse projeto? Precisamos iniciar a discussão e aprofundar o debate.
Espero que este blog se pronuncie.

Anônimo disse...

Pois é Marisco, infelizmente o Projeto Calha Norte ficou só no projeto. As Forças Armadas até que tentaram fazer sua parte mas os demais órgãos governamentais simplesmente fizeram "cara de paisagem" e a única presença "oficial" nas fronteiras do Brasil na região amazônica ficou limitada aos militares para lá destacados. Tivesse tal projeto sido implementado, possivelmente não teríamos sequer motivos para as discussões sobre a "invenção da roda", isto é, temor de internacionalização, bio-pirataria, atuação ilegal de estrangeiros na exploração de riquezas, etc. Como os milicos ainda estão por lá (não se sabe até quando), pode ser que ainda haja alguma esperança.