quinta-feira, 8 de maio de 2008

O Aumento dos Militares e a Bolsa–Recruta

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pelo Gen Bda R1 Valmir Fonseca Azevedo Pereira
O salário dos recrutas, os soldados que cumprem o Serviço Militar Obrigatório por cerca de um ano, todos nós sabíamos, era uma indignidade. Na sua maioria, eles eram voluntários, pela possibilidade de desfrutarem, por um período, de um ambiente limpo, de disciplina, de treinamento físico, de um teto, de alimentação, seguir uma carreira e, talvez, a busca de dignidade, de honestidade e de bons exemplos.
Com um ridículo salário, muitos ainda pagavam para ir para o seu quartel. Alimentação diária, em tempos de escassez (e olha que em 1990 já era assim), era incerta e duvidosa. A prática comum das Unidades era/é o tal de expediente sem café ou o meio-expediente sem almoço. Jantar, nem pensar. Só para o pessoal de serviço.
O aumento para os soldados veio em boa hora. Como seria oportuno algum tipo de auxilio financeiro para os incorporados nos Tiros de Guerra.
Como dobrou, de fato, foi de mais de 100% (137,80). Para o restante, apenas uma média de, dizem, 40% até 2010.
Mas deu na televisão que foi mais de 137%. Se não é, passou a ser.
A opinião é geral — os Militares ganham regiamente.
Haja paciência diante de tanta canalhice (haverá choro e ranger de dentes).
O aumento diferenciado foi uma jogada de mestre do governo. De fato, após o tremendo fracasso que foi o 1º emprego à custa das Forças Armadas, agora, de olho no contingente dos conscritos, acenam com a criação da Bolsa–Recruta.
Sabemos que mais de um milhão de jovens apresentam–se, anualmente, para cumprir o Serviço Militar Obrigatório (aprendizagem das atividades especificas de emprego militar), sendo que apenas cerca de 80 mil são incorporados. De olho na sobra, o governo vai criar o Serviço Social Obrigatório (vide Mangabeira Unger).
Nesta nova arapuca, é provável que aproveitem dentre 50 a 100 mil jovens, que seriam empregados para atividades sociais. Eis uma maquiagem do um "emprego."
É possível, que estes jovens tenham algum tipo de aprendizagem profissionalizante, ao contrário dos demais incorporados, que estariam submetidos às atividades típicas de adestramento militar, leit motiv do Serviço Militar Obrigatório.
A implantação do Serviço Militar Obrigatório, como decorrência da inflamada cruzada liderada por Bilac, traduz a confiança que a sociedade passará a depositar nas instituições militares, convencida que seus filhos estarão em boas mãos, ingressando em uma entidade, que ensinará aos jovens a defender a pátria, local onde mergulharão em ambiente salutar e serão impregnados pelos mais puros sentimentos que devem nortear o cidadão”.
Teremos assim, duas espécies de soldados.
Infelizmente, quando imaginamos quem será ou serão os responsáveis pelo novo tipo de militar, seleção, controle, uniformes, alimentação, disciplina, por todos os encargos enfim — a resposta é uma só.
Eis que, uma nova e singular Missão Subsidiária recairá nos ombros das Forças Armadas.
Realmente, eles conseguiram.
Brasília, DF, 06 de maio de 2008
Fonte:  Ternuma Regional Brasília
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