sexta-feira, 11 de abril de 2008

Vem aí o "PAC das Geladeiras".

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Novamente, o governo Lula aproveita ações realizadas desde 2004 para transformar num projeto eleitoreiro. Desta vez, é a troca de geladeiras, que vem sendo realizada gratuita e gradativamente pelas concessionárias de energia elétrica, pois representa uma enorme vantagem para as mesmas. Agora, através do Ministério da Energia, querem colocar estas ações sob a mesma bandeira, transformando tudo isso numa grande negociata, a juros subsidiados, para favorecer empresas que têm monopólio de mercado no Brasil, criando uma espécie de "PAC das geladeiras".
A troca de geladeiras envolve economia de energia e ganhos ambientais, com proteção à camada de ozônio. É um compromisso assumido no Protocolo de Montreal.
Os aparelhos produzidos até 1999 funcionam com 500 gramas de CFC (clorofluorcarbono), principal gás nocivo à camada de ozônio. As novas geladeiras utilizam como gases refrigerantes o HFC (hidrofluorcarbono) e o HCFC (hidroclorofluorcarbono). Esse último também agride a camada de ozônio, mas em menor grau que o CFC. Apenas as geladeiras com HC (hidrocarbonetos) não causam danos nesse sentido. As geladeiras antigas consomem 50% mais de energia e são responsáveis por 27% do consumo de eletricidade pelas famílias de baixa renda.
Outro fator importante é que, ao fazer a troca da geladeira, as concessionárias chegam a lugares onde existem vários "gatos", incluindo estes usuários na carteira de clientes normais.
Desde 2006 já foram feitas trocas de geladeiras, por exemplo, pelo Grupo Neoenergia, controlador das empresas distribuidoras de energia Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia) e da Celpe (Companhias Elétricas de Pernambuco). Pelo acordo de cooperação, o Ministério do Meio Ambiente fornece máquinas para aspirar o CFC e capacita pessoal para fazer o serviço de recolhimento do gás. Em troca, as distribuidoras responsabilizam-se pela substituição dos refrigeradores, doando a famílias carentes novas geladeiras. A Coelba assumiu o compromisso de doar 12 mil geladeiras a comunidades de Salvador. Já a Celpe responsabilizou-se em trocar 2,5 mil geladeiras antigas na região metropolitana de Recife. A Ampla, que fornece energia para 2,3 milhões de consumidores em 66 municípios do Rio, vai distribuir 20.000 geladeiras gratuitamente até 2012.
Existem várias ações em andamento no Brasil. Antes estavam na esfera do Ministério do Meio Ambiente. Agora, ao que parece, vão juntar com o Luz para Todos e botaram no Ministério de Minas e Energia. Não existe nenhum mistério na origem dos recursos que pagam estas geladeiras "verdes". O dinheiro sai do Fundo de Eficiência Energética, criado pela Lei nº 9.991, por Fernando Henrique Cardoso em 2000, que obriga as distribuidoras de energia elétrica a destinarem 0,5% de suas receitas às ações voltadas para o uso eficiente da energia elétrica.
Convido os leitores e comentaristas a dissecarem o tema, descobrindo, por exemplo, quanto este Fundo de Eficiência Energética arrecada. E onde já existem ações em andamento, para que possamos mostrar que o "PAC das geladeiras" é, novamente, uma simples junção do que já está acontecendo há muito tempo no país.

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